Destaque

A quem interessa abafar o assassinato de Gel Lopes silenciando a imprensa?

24/03/2014 - 11h00
Gel Lopes

Segundo jornalistas que investigam crimes em Teixeira de Freitas e região, em conversa com o delegado que preside a investigação do caso de Gel Lopes foram  informados que o caso já estaria praticamente elucidado; e tinha a ver com o suposto dossiê que Gel teria feito contra as empresas de Camaçari que têm envolvimento com a Prefeitura de Teixeira de Freitas.

Essa linha de investigação seria a mais provável, porém, alguns fatos ocorridos depois desta informação vieram a mudar a rota das investigações, por isso, ao contrário do informado, já se passaram 30 dias e nada mais foi dito pelo delegado, exceto afirmar que prefere não adiantar nada para não prejudicar o andamento das  investigações. O mais curioso é que a força-tarefa anunciada para investigar o caso terminou não vindo.

Existem vários fatos que deixam a população apreensiva e ao mesmo tempo descrente de que o crime seja elucidado. O primeiro é o dossiê que Gel Lopes teria e até hoje não apareceu; Gel havia afirmado para várias pessoas da existência dele.

O dossiê realmente existe e onde está? Depois disso, há informações de que Gel Lopes logo após ter chegado de viagem teria exibido certo valor em dinheiro falando que de onde recebeu aquela quantia iria receber mais.

Pois bem, fazendo uma análise mais investigativa, podemos questionar outros fatos, como, por exemplo, na reunião convocada às pressas por um suposto presidente da Aiesba – que tem ligações com a prefeitura e me aconselhou sair da cidade por uns dias –, realizada no Departamento de Cultura, com a presença de vários jornalistas e de dois funcionários da prefeitura – o chefe do departamento e a assessora de comunicação do município, que nunca participaram da reunião da entidade.

Nesta reunião feita antes mesmo de Gel Lopes ter sido enterrado ficou claro que havia interesse de silenciar a imprensa com uma nota feita a quatro mãos, que, segundo os autores, deveria causar grande impacto e ser divulgada por todos os órgãos de imprensa.

Na oportunidade, chegou a ser ventilado que ninguém deveria mais falar sobre o caso, entretanto, isso não ficou decidido, porque seria cercear o direito a liberdade de imprensa e seu poder investigativo.

Na ocasião, a assessora de comunicação informou que o prefeito já teria tomado todas as providências pedindo ao governador e demais autoridades competentes celeridade na apuração do caso.

Durante o enterro de Gel Lopes, o gestor confirmou no mesmo discurso ensaiado de que já teria pedido urgência na apuração do caso. Aqui é que surge a pergunta que mais vem causando polêmica: o que o prefeito foi fazer na delegacia na segunda-feira de carnaval, às 18 horas?

O fato do Repórter Coragem ter noticiado e afirmar que o prefeito foi ser ouvido causou imediata reação da prefeitura, que divulgou uma nota oficial de esclarecimento, repudiando os dois órgãos que divulgaram a notícia, informando que já teria tomado medidas judiciais cabíveis contra eles. Por que isso?

Por que o prefeito além de tentar calar a imprensa nomeou o “Repórter Coragem” e o “Foco no Poder” os dois maiores inimigos dele? Por que os dois vêm cobrando de forma forte a apuração do caso?

Além desta atitude, o suposto presidente da Aiesba, de forma isolada, redigiu uma nota de repúdio ao jornalista Jotta Mendes e mandou que ela fosse divulgada em todos os órgãos da imprensa que mantêm negócios com a prefeitura.

Esta atitude foi repudiada depois pelos demais diretores da Aiesba que não tiveram conhecimento antecipado da nota e também vários membros da imprensa que não concordaram com esta atitude discriminatória condenando o colega quando deveria proteger.

Além do mais, todos estes órgãos da imprensa estranhamente não têm mais cobrado apuração do caso e pediram a Edvaldo Alves para não cobrar apuração na rádio que o prefeito tem influência.

A nota oficial da prefeitura informava que o prefeito foi à delegacia pedir celeridade no caso. Já que ele tinha interesse, porque não foi munido das fitas da praça da Bíblia, uma vez que, é do domínio da prefeitura?

Desta forma, estaria dando uma grande contribuição na apuração do crime, entretanto, as fitas só foram entregues oito dias depois, assim mesmo, depois que o ex-deputado Uldurico Pinto, aliado do prefeito, cobrou através do seu pronunciamento na rádio Caraípe, no programa Comando Geral.

O pior é que depois da cobrança o prefeito rompeu com o aliado que mais contribuiu para a sua eleição.

Um fato é certo, está havendo muita nebulosidade no caso que tem tudo para ser um crime político.

Ao que parece, estamos nos encaminhando para um crime sem solução, a exemplo do de Maurício Cotrim, em que várias pessoas foram assassinadas e até hoje os autores continuam impunes e vários bodes expiatórios foram apontados.IMG-20140324-WA0000[1]

O pior é que corre o risco de outros crimes continuarem acontecendo em decorrência deste. Diante de tudo isso, surge a pergunta mais intrigante do caso Gel Lopes: por que houve arrefecimento nas investigações depois que o prefeito foi na delegacia?

Por Dilvan Coelho/Repórter Coragem


Deixe seu comentário