Política

Sessão da Câmara é o espetáculo (circense) das terças à noite

26/05/2013 - 15h10
Carla Félix Entrelinhas - banner central

Na terça-feira estive na sessão da Câmara Municipal de Vereadores porque o vereador Edinaldo Rezende colocaria para apreciação projeto de lei que dispõe sobre a venda de animais em pet shops, dentre outras coisas. Tema que considero de extrema relevância e que deveria ser analisado com atenção pelos edis. Inclusive, peço que os vereadores, deixem de lado as caras e bocas que fizeram enquanto o vereador lia um texto de apresentação do projeto e tentem ter mais boa vontade ao apreciar o PL (se é que leem mesmo alguma coisa ali).

Fui à sessão porque precisava estar presente em apoio ao projeto supracitado, como disse no início do texto. Ao contrário do que foi noticiado, ou, até erroneamente dito pelo edil, a proposta precípua do PL é controlar a reprodução e estabelecer regras visando à humanização do trato com os animais vendidos em pet shops. Bem diferente de proibir, o mínimo que exige é mais respeito à vida nestes ambientes.

Sou grata ao vereador pela atenção em legislar sobre algo que deveria ser de interesse da sociedade, mas, muitos por aí que preferem dizer tolices, como mandar que ao invés de cuidarmos de cachorro, deveríamos (eu e muitos que conheço) tentar ajudar crianças, idosos, mendigos… Para estes, digo que já há muitas leis que amparam todas estas minorias, lamento somente que o mesmo grupo que me critica por defender leis reais que amparem os direitos dos animais não lute e tente fazer valer as muitas que protegem e dão teóricas garantias à raça humana.

Eu prefiro gente inteligente, que consegue o meio termo e entende que todos os lados precisam ser agraciados com proteção, respeito e dignidade. E por falar em gente perspicaz, uma ou duas vão à Câmara. Aqui, refiro-me à inteligência cognitiva e emocional. A começar pelos edis. É uma vergonha, minha gente (desculpem, mas, vou ficar bem à vontade para escrever para vocês, como se estivesse discutindo um assunto com amigos, ok?!)! Tem vereador que fala tão alto que dá dor de cabeça nos ouvintes. Sem contar os que imitam apresentadores de programas toscos de TV e a cada tentativa de falar algo, bate na tribuna. Deve ser para o som abafar a asneira que sai de sua boca, né?!

Sem brincadeirinhas. O que vi me entristeceu ainda mais quanto aos nossos políticos. Há uma falta de respeito estampada em cada olhar que se lança para o colega em seus 5 minutos de fama. A atmosfera, como não poderia ser diferente, exala falsidade. São batidinhas nas costas antes do espetáculo (circense. Os palhaços? Deixo a cargo de cada leitor definir: plateia ou atores?) começar, para, depois, apunhaladas virem de todos os lados e formas: olhares e sorrisos de escárnio, ‘apartes’ tolos  e desnecessários…

Claro que temos alguns vereadores que merecem elogios, mas, são tão poucos. Além do mais, não sou adepta da ‘puxação’ – se é que me compreendem. Penso que quando um edil cria leis úteis ao seu município e fiscaliza o Executivo está somente fazendo sua obrigação. É para isso que pagamos… BEM DEMAIS… a eles. Acho até que deveriam poder ser demitidos. É. E contratados outros com um currículo melhor, experiência e boas recomendações. Muito melhor que aceitar o ócio remunerado de tanto vereador.

Também observei que, infelizmente, Teixeira tem os políticos que merece. Calma. Preciso ter como base o público presente; óbvio que tem muita gente por aí sofrendo por escolhas erradas de terceiros. Quase todos que estavam na sessão faziam bagunça. Poucos prestavam atenção nos discursos. Captavam palavras soltas e começavam a gritar. Tinha um membro da imprensa que parecia estar na “Casa da Mãe Joana”. Interessa-me até saber onde fica, porque jamais irei visitar esta dona Joana, sabendo que recebe pessoas assim, tão mal educadas. Imagine um ‘jornalista’ fazendo algazarra numa sessão, gritando os edis, como se estivesse em uma feira-livre?! Se ninguém sabe, uma sessão é um ato de extrema importância para a manutenção da democracia. O repórter que lá vai, precisa de seriedade e atenção para acompanhar cada momento. Se, por ventura, é amigo de algum vereador, aguarde o final para com ele conversar. É difícil. Não sei qual é pior: o que fica lá dentro berrando ou que fica do lado de fora confabulando o tempo inteiro. Qual dá mais importância ao papel da imprensa? Vou me calar.

Não posso esquecer os cultos ouvintes que ficaram rindo quando o edil que certa vez disse que os “jovens tão sendo abatidos como frango” se pronunciou. Para estes digo apenas que prestem mais atenção nas entrelinhas. Perceberão que por traz de um discurso simples, palavras erradas, concordância verbal zero há aparente lisura, verdade e boa vontade em fazer algo sério e honesto. Presencie ‘apartes’ bonitinhos, cheios de palavras corretas, que não convencem um cidadão mais atento, pois a intenção era somente macular as obrigações da gestão atual com relação à possibilidade legal de fechamento do Hospital Municipal e da Unidade Materno-Infantil. Abro parênteses para dizer que teve um vereador que me surpreendeu. O único que tentou mostrar que não estamos, de tudo, sem oposição. Por falar nele. E aí, JB, já resolveu a pendência no Posto de Saúde do Ulisses Guimarães?

Não quero aqui generalizar, ofender os edis. Quero somente registrar minha leitura da sessão. Como cidadã, queria ver mais seriedade, que eles passassem confiança. Não são monções disso e daquilo, títulos para fulano e cicrano que tornarão vocês uma Câmara atuante. O que precisamos é de um grupo forte, de uma oposição inteligente (já bastaria termos oposição), de legisladores competentes. Pessoas que sabem e fazem mais que ir a hospital, escola e posto de saúde e posar para fotos. Antes, que arregacem as mangas e façam leis válidas, cobrem suas apreciações, fiscalizem tantos decretos, este interminável estado de emergência e as consequentes contratações sem licitação. Que sejam vereadores para além do terninho usado em dia de sessão. Talvez, quando isso ocorrer, eu passe a ir a todas as sessões, pois, não mais terei a triste impressão de perda de tempo.

Carla Félix é formada em Letras Vernáculas pela Uneb/Campus x. Revisora, redatora e editorialista; atua em jornal e sites de notícias da cidade.


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