Destaque

Cerca de 10 mil pessoas pedem impeachment de Dilma e o combate à corrupção

16/11/2014 - 18h06
Manifestacao em Sao Paulo1

Um protesto contra o PT, partido da presidente Dilma Rousseff, reuniu cerca de 10 mil pessoas na avenida Paulista, região central de São Paulo, na tarde de sábado (15). A estimativa foi divulgada pela Polícia Militar.

Entre as bandeiras defendidas pelos manifestantes estão o impeachment de Dilma e o combate à corrupção. Cartazes e músicas entoadas pelo grupo questionaram a validade da eleição presidencial, que deu vitória apertada à petista: “a urna eletrônica é uma fraude”. Críticas à imprensa também entraram na pauta do protesto.Manifestacao em Sao Paulo2

Por cerca de uma hora, a avenida Paulista ficou totalmente bloqueada. Às 16h30, a multidão se dividiu em dois grupos. Um deles desceu a avenida Brigadeiro Luís Antônio e o outro, com cerca de 1.000 pessoas, desceu a avenida da Consolação. Os dois se encontraram na Praça da Sé.

Presente no ato, o senador tucano Aloysio Nunes, que foi candidato à vice na chapa de Aécio Neves, disse que o PSDB apoia o movimento, mas acha que não é o momento de se falar em impeachment.Manifestacao em Sao Paulo4

— Nosso centro tem que ser o combate à corrupção, a apuração das denúncias e a punição dos culpados. O impeachment é uma questão a ser vista havendo provas concretas, que não é o caso no momento […] O governo da presidente Dilma promove o maior escândalo de corrupção do Brasil e eu vim aqui para criticar isso.

O grupo que desceu a avenida Brigadeiro Luís Antônio acompanhava um carro de som com faixas defendendo a intervenção militar no País: “Impugnação ou intervenção militar”, dizia uma delas. “SOS Forças Armadas”, pedia a outra. O MBR (Movimento Brasileiro de Resistência) liderava essa parte da manifestação.Manifestacao em Sao Paulo3

O cantor Lobão chegou a ir até a avenida Paulista, mas decidiu ir embora assim que desceu do carro, ao ver que haviam pessoas favoráveis à intervenção militar. Pelo Twitter, ele criticou o grupo e convocou quem se opusesse à ideia a ir para a praça da Sé.

Os manifestantes começaram a chegar ao vão livre do Masp por volta das 14h. Muitas pessoas estavam enroladas na bandeira do Brasil ou tinham o rosto pintado com tiras amarelas e verdes. Os cartazes estampavam diferentes críticas ao PT. Um deles dizia: “Lula, pai do mensalão. Dilma, mãe do petrolão”.

O programador Marcos Aurélio, de 38 anos, foi ao protesto acompanhado da família. Ele disse ter decidido participar porque está cansado da corrupção na política e defendeu o impeachment da presidente Dilma Rousseff.Manifestacao em Sao Paulo5

— Eu quero o impeachment do PT inteiro, não só da Dilma. Os políticos estão roubando demais, está muito escancarado. É um absurdo. Outra coisa que está se verificando é a fraude na urna eletrônica. Na verdade, a Dilma foi eleita pela minoria da população, porque se contar os votos nulos e brancos, não são para ela. A maioria do País não quer a Dilma.

Foi também em tom de revolta que a aposentada Zenaide Oberg, de 82 anos, comentou sua participação no ato, antes de ser aplaudida por uma multidão que a cercou para ouvir seu desabafo.

— Vim porque eu sou brasileira e quero que o Brasil saia dessa pouca vergonha que entrou. Eu vou torcer e vou até o fim, não deixo de ir a uma eleição, não deixo nada, porque sou contra o PT. Em 82 anos, eu nunca encontrei uma pouca vergonha tão grande como essa. A profissão deles é roubar. E eu quero ser roubada? Não quero. Tem gente de 30, 40 anos recebendo Bolsa Família. Que Bolsa Família o quê!?Manifestacao em Sao Paulo6

O deputado estadual eleito Coronel Telhada (PSDB) e o deputado federal eleito Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) discursaram em um dos carros de som. Bolsonaro atacou diretamente o ex-ministro José Dirceu, um dos condenados do processo do mensalão.

— Lugar de corruptos é na cadeia. Tem que acabar com isso de o Brasil ser o País da impunidade. Há um ano atrás, Zé Dirceu estava aqui na Polícia Federal para ficar no nosso hotel e hoje está saindo da Papuda.  É o maior escândalo da República em um ano só lá dentro. O nosso dinheiro aqui é ralado, é suado, não é para ficar para colocando em Cuba não.

Cena comum no ato da tarde foi o bate-boca entre manifestantes e moradores da região central contrários ao protesto. Bandeiras vermelhas foram estendidas nas varandas de alguns apartamentos. Em outros, os moradores saíram às janelas vestidos com a cor do PT.

Os manifestantes regiam com xingamentos, provocações e gestos obscenos. Na foto, um manifestante mostra dinheiro ao morador, sugerindo que há uma luta de classes em curso no Brasil.

Quando o grupo que desceu a rua da Consolação passou em frente a um prédio ocupado pelo  MSTS (Movimento Sem-Teto de São Paulo) na rua Maria Paula, alguns manifestantes hostilizaram as pessoas que assistiam ao ato, da varanda.

“Entrar na (casa) dos outros é fácil. Trabalhar ninguém quer, bando de vagabundos”, gritou um deles. Os sem-teto responderam com silêncio.

Algumas músicas criadas pelos manifestantes foram repetidas em diversos momentos do ato. O grupo entoava gritos como: “Lula cachaceiro, devolve meu dinheiro” e “A nossa bandeira jamais será vermelha”.

A empresária Carolina Franciscon, de 31 anos, conta que foi ao protesto em repúdio às denúncias de corrupção. Para ela, a imprensa omite informações relevantes, como Foro de São Paulo, organização criada na década de 1990 por partidos de esquerda para promover a integração de países da América Latina.

— Hoje, eu vim protestar contra o Foro de São Paulo, a investigação na Petrobras, que é uma estatal.  A maior empresa do Brasil está sendo rou-ba-da, prejudicado os brasileiros e quem compra ação da Petrobras. É impossível que em um País igual ao Brasil eles não conseguem investigar e dizer o nome dos políticos que fizeram essa falcatrua […] O Bolsa Família é um assistencialismo, não é evoluir uma população. Já dizia um professor meu de história: eles querem dar pão e circo aos pobres, é isso que eles querem.

Acompanhada da filha, a dona de casa Solange Fátima, de 60 anos, disse estar participando de um protesto pela primeira vez.

— Estou aqui contra a corrupção, nunca tivemos um governo como esse. O povo brasileiro é honesto e íntegro e não está recebendo isso de volta. Defendo impeachment e nova eleição, o Brasil está do avesso.

Os manifestantes, que já se reduziam a um grupo de 1.000 pessoas, se dispersaram por volta das 19h na Praça da Sé.

Fonte R7


Deixe seu comentário