E agora, João Bosco, vai visitar José Dirceu na prisão?
E agora, João Bosco, vai visitar José Dirceu na prisão?
Já dizia o ditado: “uma vez amigos, amigos para sempre”. Essa amizade deve ser compartilhada na alegria ou na tristeza, nas horas de prazer, nos momentos de profunda angustia. O bom amigo não abandona o outro, mesmo que isso possa lhe parecer ridículo.
Ao se tornar vencedor das eleições 2012 em Teixeira de Freitas, João Bosco Bittencourt foi festejar ao lado de José Dirceu, o maior chefe de quadrilha que o Brasil já conheceu, o ex-chefe da Casa Civil no primeiro mandato do presidente Lula, responsável por montar o maior escândalo de corrupção da história da República, o chamado “Mensalão”.
O Mensalão era um esquema de compra de deputados, montados por Dirceu, operado por Marcos Valério, abençoado por Lula e denunciado por Roberto Jeferson. Nunca se viu tanta corrupção no mesmo metro quadrado como se viu nos tempos em que Dirceu comandava a Casa Civil no mandato do ex-presidente Lula.
Quem não se lembra de ver estampadas em diversos veículos de comunicação as fotos de João Bosco ladeado pelo chefe de quadrilha José Dirceu, juntamente com pessoas como ex-presidente da Petrobras e atual secretário do Planejamento da Bahia, José Sérgio Gabrielli, o secretário da Casa Civil, Rui Costa, os deputados federais Zezéu Ribeiro e Valmir Assunção, os estaduais Luiza Maia, Rosemberg Pinto e Fátima Nunes, além do presidente do PT, Jonas Paulo, e o diretor superintendente do Sebrae/Bahia, Edival Passos, todos participaram de um jantar especial que ficou conhecido como a farra do bode!
Curiosamente, na época, dois fatos importantes serviram como motivos para a farra do bode. O primeiro, a vitória de João Bosco à Prefeitura de Teixeira de Freitas. O segundo, a condenação de José Dirceu, que durante o julgamento do Mensalão acabou sendo condenado como chefe de quadrilha de todo o esquema montado para comprar votos de deputados, para que Lula conseguisse aprovar todos os seus projetos no congresso nacional.
Agora, um ano depois, dois novos fatos podem promover o encontro entre Dirceu com o prefeito de Teixeira de Freitas, João Bosco (PT). O primeiro seria a conquista dos 222 milhões do PAC2 para Teixeira de Freitas, que Bosco não para de festejar. O segundo seria a prisão de Dirceu, ocorrida na sexta-feira, 15 de novembro, quando ele foi algemado e colocado no camburão da Polícia Federal.
Há exato um ano a festa foi regada a bode. A pergunta agora seria: qual deve ser o prato da farra? Que pode ser batizada de farra da justiça, já que a prisão de Dirceu é um ato de justiça, haja vista que foi o mentor de todo o esquema de compra de deputados que lesou os cofres públicos e tirou da boca de muitas crianças o direito ao pão, à saúde e a outras coisas básicas.
Dessa vez, o jogo usado deveria ser o xadrez, até para ilustrar o momento vivido por Dirceu, mas, como o xadrez é um jogo de paciência, que vence quem tem melhor estratégia, deveria ser regado a vinho, não um vinho caro, para gastar dinheiro, como Dirceu costuma fazer pagando R$ 15 mil reais, numa simples garrafa de vinho.
Mas, o vinho que Bosco e Dirceu deveriam tomar seria o vinho da vergonha, vergonha de zombar da cara do povo, quando juntos fizeram a farra do bode em Camaçari, quando pouco depois de condenado Dirceu recebeu Bosco para rir da cara do povo.
A pergunta é: E agora, João, vai visitar Dirceu na prisão? Se não vai, é porque não é um bom amigo. Se vai, como será regada a visita? Ou será que a amizade de Bosco e Dirceu não resistiu à prisão? Como diria a Bíblia Sagrada: “Estive na prisão e foste me visitar”. Cumprirá João o que diz a Bíblia? O povo espera sua resposta.
Obs.: Esta semana, excepcionalmente, nossa coluna está sendo postada hoje em razão da viagem a Salvador.
Jotta Mendes é Radialista e Repórter