Quase 180 dias: “Trabalhe João”!

Dizem que todo início de governo é complicado. Por que, não sei. Acho que não deveria ser, pois quando o sujeito se candidata ele sai prometendo o mundo e o fundo, como se soubesse o segredo das pedras.

A cidade pode estar vivendo a maior crise que os políticos sempre prometem fazer tudo em um passe de mágica. É como se tivessem uma varinha, apontassem-na e, simplesmente, ordenassem: “Rua, seja asfaltada” e “Pluft!” – a rua fica asfaltada; “escola seja construída”, e a escola surge; “lixo seja recolhido”, e eis que tudo fica limpo.

Mas, como as coisas não se resolvem num passe de mágica, depois que chega no poder o político começa a arrumar desculpa para não fazer nada. Aí para cada coisa se encontra uma explicação esfarrapada, cada uma mais ridícula que a outra. O pior das desculpas é que quem diz acha que o povo acredita. Tem uns “puxa sacos” que acabam acreditando, outros começam a questionar.

Assim tem sido o tempo de João frente à prefeitura. Digo tempo porque o que aconteceu até agora está longe de ser um governo. Parece até que a campanha não acabou; é João viajando pra lá, João viajando pra cá, e o povo chupando o dedo.

Até o momento João só sentou na cadeira de prefeito para assinar decretos ou dar entrevista coletiva – estilo artista de cinema; e toda hora quer falar, nunca vi gostar de um microfone igual João.

Marcílio já está, inclusive, providenciando um microfone daqueles usados por Sílvio Santos, que fica colado no pescoço, tudo para dinamizar os discursos do prefeito.

Nestes quase 180 dias, dá pra dizer que Bosco viajou 100, passou 50 deles assinando decretos e outros 30 discursando.

Ainda não é possível cobrar nada porque o governo não começou. Está na hora de todos os cidadãos, que votaram nele, é claro, do contrário, será cobrança de oposição, começarem a exigir o início do governo.

Vamos fazer uma grande campanha. Como João é muito conectado com as redes sociais, seria o caso de fazer uma via Facebook, com o título “Trabalhe, João”. Quem sabe ao ver isso João desperte e vá para a rua.

No entanto, isso não pode partir de um dos “aspones”, aqueles que ficam fazendo montagem para agradar o chefe, sempre no estilo “puxa saco” – “Vamos ver quem faz a montagem melhor”.

Os bajuladores já criaram o “Maníaco do Tablet”, “Chassi de Muriçoca”, só esqueceram-se de avisar que existe o “Maníaco do Facebook”, que tem um monte de “puxa saco” ao redor, todos querendo sugar seu prestígio.

Alguém precisa avisar a João que agora não é mais momento para discurso, é hora de agir. A cidade não pode esperar. Tudo bem que ele é um prefeito amarrado pelos próprios acordos, mas precisa começar a resolver os problemas de Teixeira.

Se o João não começar imediatamente a resolver os principais problemas da cidade, ele corre um sério risco de perder as rédeas do seu governo. O mais crucial que a administração João Bosco precisa resolver o mais rápido possível é a questão da saúde. Os reclames da população são gravíssimos, vão desde a atenção básica até a saúde plena.

O problema é tão grave que o promotor pediu o fechamento da Unidade Materno-Infantil e o do Hospital Municipal – o que está longe de acontecer, porque não teria juiz em Teixeira de Freitas que teria peito ou coragem para tal ato.

Caso de repente um juiz resolva observar a situação dos dois hospitais, no mínimo, ele vai julgar procedente o pedido do promotor, o que pode virá um caos Teixeira de Freitas, já que os dois hospitais públicos podem ser fechados.

Outro dia, uma amiga minha que está grávida me falou via Facebook que teve que adiar o pré-natal por diversas vezes em razão da Urbis não dispor de médico no PSF, o que é um problema sério. O pré-natal é fundamental para a saúde da mãe e da criança.

Isso, em hipótese alguma, pode ocorrer. Imaginem essas mulheres todas com problema na gestação em razão do não acompanhamento médico?!

Na posse da vereadora Erlita como secretária de Habitação, Bosco admitiu o problema. Segundo suas palavras, durante a greve branca, 16 médicos deixaram a sistema de saúde municipal, o que causou um problema seriíssimo à saúde, haja vista que o número destes profissionais sempre foi abaixo do necessário.

Numa medida paliativa, a assessoria de Bosco anunciou nesta semana a chegada de três médicos, que teriam vindo de outro Estado. Isso é bom, mas, não resolve o problema, continuamos com um déficit de 13 médicos.

Esse déficit faz com que a saúde funcione de forma deficitária, fazendo com que pessoas simples que não dispõem de recursos, fiquem sem atendimento. Portanto, este é um problema sério, que precisa ser resolvido o mais rápido possível.

Outro problema grave é a questão da educação, que vem recebendo diversas críticas, que precisam ser respondidas com ações eficazes na área.

Existem também alguns problemas crônicos de infraestrutura, que são de muito tempo, mas, se agravaram após as obras da MRM. Além de outras coisas que precisam ser resolvidas.

Até agora a única ação de João Bosco que foi notada pela população foi o massacre nas árvores.

E se eu fosse citar todos os problemas que urgem solução em Teixeira, não haveria papel no mundo em que pudesse escrever. Teixeira é uma cidade grande, mal planejada, sempre mal administrada, que está há oito anos e seis meses sem um governante.

Precisamos mais que nunca de alguém que governe Teixeira com braço firme, que consiga resolver os problemas, que não fique cercado de bajuladores, que não se preocupe mais em discursar do que em trabalhar pelo seu povo. Teixeira precisa de um administrador e não de um promoter, que é o que até agora João tem sido.

É hora de dizer “Trabalhe, João”. Passaram-se quase 180 dias, nada foi feito. Ou começa a fazer, ou, pede para sair.

Um forte abraço e até a próxima.

Jotta Mendes é radialista e repórter.