“Querem conhecer o homem? Dê poder a ele”
Outros, se tornam ainda mais humildes, como o Papa Francisco, que durante sua visita ao Brasil tem dado inúmeras lições de humildade, dispensando algumas honrarias para poder mostrar que todos nós somos iguais, o que faz o homem ser diferente é seu comportamento diante da sociedade e não o poder que exerce.
Já a maioria das pessoas, ao chegar ao poder começa a se comportar como se o status fosse eterno. Mas, o poder é passageiro, assim como todos nós, e um dia voltaremos para onde viemos, uns vão mais cedo, outros mais tarde, mas o fim de todos é igual, o que pode mudar são as consequências do fim de cada pessoa.
Algumas pessoas neste infinito Extremo Sul da Bahia têm dado demonstrações claras que não conseguiram se controlar quando chegaram ao poder, esqueceram os amigos, mudaram o estilo de vida e agora os antigos companheiros passaram a ser ignorados.
Já outros, quando chegaram ao pode, perderam o discurso. Este é o caso de um velho colunista, radialista e, agora, jornalista, que sempre teve uma fala de muita ética, moral, bons costumes e outras coisas, tanto que poderia ser chamado de politicamente correto.
Este tal colunista que atende pelo nome de Ramiro Guedes sempre viveu como um autêntico crítico do poder. Petista de carteirinha, Ramiro passava todo o tempo criticando os outros partidos e os detentores do pode. Mas, quando Lula assumiu a Presidência, seu discurso a nível nacional se perdeu pelo caminho, quando Jaques Wagner chegou ele perdeu o discurso estadual, agora com a vitória de João Bosco nas últimas eleições se foi o municipal.
Ramiro não é nem de longe aquele que criticou Temóteo durante os quatro anos que este esteve no poder. Que criticou Vagner durante oito anos. Mesma tática usada contra Apparecido Staut. O próprio Ramiro já disse em sua coluna que deixou de escrever algumas vezes por falta de assunto.
Olha, Ramiro, como falta assunto se a cidade viveu 180 dias em estado de emergência, mesmo nunca tido enfrentado nenhuma catástrofe? O que dizer do contrato do software que vai levar milhões da educação? O que você poderia falar sobre o contrato para locação de veículos? Aquele que dá para comprar 50 carros por mês e 600 por ano, que em quatro anos da administração Bosqueana dará para adquirir mais de 2.000 veículos?
Bom, pelo visto, não é falta de assunto, é falta de discurso. Como Ramiro poderia falar contra o contrato do soft, se ele também faz parte do poder? Como falar do estado de emergência, se ele está empregado por emergência no departamento de cultura em cargo de confiança? Como falar do contrato de locação de veículos se o próprio Ramiro deverá utilizar um dos carros locados?
Se existe mais assunto para Ramiro ficar calado, seria o nepotismo em que está envolvido, uma vez que, é cunhado de Marcílio Goulart, o que lhe impediria de ocupar cargo de confiança, haja vista que perante a lei de nepotismo do município, apesar de cunhado não ser parente, isso não é permitido.
Mas, não foi Ramiro que sempre pregou contra o nepotismo?
É, foi. Entretanto, lembra aquele ditado “Faça o que eu falo, não faça o que faço”?. É, hoje, Ramiro virou um defensor ferrenho deste ensinamento popular.
Por isso, o velho Ramiro esqueceu a ética, perdeu a moral e ficou sem discurso, mas ficou no poder, e de lá pode tirar seu sustento e não é interessante para ele criticar quem lhe sustenta.
Acho que o povo ainda lembra quando o bom e velho radialista vivia colocando a culpa pelo sumiço do jornalista Ivan Rocha no hoje deputado Temóteo Brito, porém, ao virar funcionário de Temóteo na Rádio Abrolhos, ele perdeu o discurso, esqueceu o colega de profissão e fez de conta que nunca tinha dito nada.
Entretanto, tempos depois, Ramiro saiu da Abrolhos e voltou a cobrar o caso Ivan Rocha.
Quem sabe quando romper com a administração Bosco, ele retome o discurso e volte a cobrar como fez durante os 20 anos que ficou fora do poder?
Então, vamos dizer assim: O ‘seu’ Ramiro não perdeu o discurso, apenas o guardou para usar em um momento oportuno.
Mas, será que o próprio terá moral para voltar a criticar o nepotismo?
Aí eu duvido. Como criticar hoje o crime que você cometeu ontem?
Causaria, no mínimo, dubiedade na identidade do cabra, que poderia ser cobrado pelo mesmo povo que sempre acreditou nele.
Tenho muito respeito pelo profissional Ramiro Guedes, pessoa com quem aprendi algumas coisas quando entrei para o rádio, que, de certa forma, eu passei a admirar. Mas, assim como os inúmeros leitores de sua coluna, eu estou com saudades dos discursos sempre carregados de ética, e o tempo se encarregou de apagar.
Quem sabe um dia Ramiro volte a encontrar o discurso e a satisfazer a curiosidade de seus fieis leitores.
Espero, sinceramente, que um dia isso volte a acontecer.
Se não ocorrer, já sabe: “Querem conhecer o homem, dê poder a ele”.
Jotta Mendes é repórter e radialista