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Mario Negromonte: um corrupto no TCM indicado por Jacques Wagner

25/09/2014 - 12h13
Jaques Wagner e Mario Negromonte

Nos últimos tempos, o político baiano mais citado em escândalos em âmbito nacional atende pelo nome de Mario Negromonte, ex-deputado federal, ex-ministro do governo Dilma e atual conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), que foi indicado ao órgão que fiscaliza prefeitos e vereadores do Estado pelo governador Jaques Wagner.

Quando ministro da Cidades, Mario Negromonte se envolveu em um escândalo em 2011.Mario Negromonte

Envolvimento

O único representante do PP na Esplanada foi acusado pelos próprios correligionários de ter montado um bunker em seu gabinete onde ofereceu dinheiro a deputados – uma espécie de mensalinho – em troca de apoio na guerra interna pelo controle da legenda. Desde o episódio, revelado por “Veja” em agosto de 2011, o ministro não saiu mais da berlinda: viu sua pasta envolvida na adulteração de um projeto bilionário, foi flagrado usando verbas do Ministério para promoção pessoal (e eleitoral) na Bahia e participou de uma reunião com lobistas de uma empresa que, posteriormente, assumiria contratos na pasta.

O que aconteceu

Confrontado, o ministro atribuiu a denúncia a um jogo de intrigas armado pelo rival pepista Márcio Fortes, ex-ministro das Cidades. Negromonte não gozava de nenhum prestígio especial com a presidente Dilma Rousseff, mas resistiu por seis meses à sucessão de denúncias – é que o próprio PP notou que, se chancelasse a demissão de Negromonte, não teria garantias de indicar o substituto no ministério, que tem um dos maiores orçamentos da Esplanada – 22 milhões de reais para 2012 – e vinha sendo comandado pela legenda desde 2005. Só deixou o cargo em fevereiro de 2012, após a exoneração de dois aliados, seu chefe-de-gabinete, Cássio Ramos Peixoto, e o chefe da Assessoria Parlamentar da pasta, João Ubaldo Coelho Dantas. Voltou a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, de onde saiu para ser conselheiro do TCM.

Mario Negromonte também foi acusado de receber cerca de R$ 500 mil de empreiteira

Segundo reportagem da revista “Época”, o ex-deputado federal Mario Negromonte e o seu filho, o deputado estadual Mario Negromonte Jr., ambos do PP, receberam dinheiro da empreiteira Jaraguá, investigada na “Operação Lava Jato”.

A ação da Polícia Federal investiga recursos distribuídos na campanha eleitoral de 2010 com intermediação do doleiro Alberto Yousseff, preso recentemente. As informações publicadas pela revista derivam de uma planilha com pagamentos de grandes empreiteiras brasileiras a MO Consultoria, uma das empresas de fachada de Youssef.

Além de pagamentos da Camargo Corrêa e da Sanko, aparecem nas planilhas transferências milionárias de OAS, Galvão Engenharia e Jaraguá. No total, a polícia identificou cerca de R$ 31 milhões em “pagamento com suspeita de ilicitude”.

Segundo ainda a publicação, a Jaraguá, por exemplo, foi a maior doadora dos deputados do PP em 2010. A empresa investiu 1.825 milhão em campanhas de dez deputados: um do PDT, um do PSDB e oito do PP, entre os quais, Mário Negromonte (recebeu R$ 500 mil), o filho Mario Negromonte Júnior (R$ 85 mil) e Roberto Britto (R$ 50 mil).

As contas dos três candidatos baianos foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além disso, a matéria da “Época” afirma que um dos irmãos de Negromonte, Adarico Negromonte, trabalhava no escritório de Youssef em São Paulo. Depoimentos confirmam o que a publicação define como “bico” do irmão do ex-ministro.

O envolvimento de Mario Negromonte com o doleiro Alberto Youssef foi confirmado no depoimento da ex-contadora do doleiro.Mario Negromonte e Luiz Argolo

A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, lançou à fogueira mais um baiano, além do deputado federal Luiz Argolo (SD). Trata-se do ex-ministro das Cidades e ex-deputado pelo PP, Mario Negromonte. Ele é, atualmente, conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios.Wilsinho Brito e Mario Negromonte

Recentemente, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que fez um acordo de delação premiada, voltou a citar o nome de Mario Negromonte em seu depoimento.

A pergunta que não que calar é com tantos escândalos, quais foram os requisitos utilizados por Jaques Wagner para indicar Mario Negromonte para o TCM?

Como colocar um homem envolvido em tantos escândalos para fiscalizar as contas dos prefeitos e vereadores da Bahia?Desgaste político em alta Mário Negromonte, Mayra Brito e Mário Negromonte Jr.

Será que ao fiscalizar as contas de prefeitos e vereadores que apoiam seu filho, o deputado estadual Mario Negromonte Junior, haverá neutralidade por parte de Mario Negromonte?

Quem vai confiar nos pareceres emitidos por Mario Negromonte?

Sua permanência no TCM é a certeza que o Tribunal não tem respaldo para julgar prefeitos e vereadores que vivem delapidando o patrimônio público.

Mario Negromonte foi ao TCM numa negociação de Jaques Wagner para ter apoio do partido na Bahia, além de Mario Negromonte no TCM, Wagner escolheu João Leão para ser candidato a vice de Rui Costa, numa certeza do apoio irrestrito do PP, um jogo sujo que coloca o poder acima do povo e não olha nem o histórico de quem ele está escolhendo.

Por Jotta Mendes/Repórter Coragem


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