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“Matar um jornalista é tentar calar a voz do povo”, destaca senador Walter Pinheiro sobre morte de Gel Lopes

20/03/2014 - 12h30
Walter Pinheiro em entrevista a Jotta Mendes (2)

O Repórter Coragem entrevistou no sábado, 15 de março, com exclusividade o senador Walter Pinheiro (PT), que também é jornalista por formação, a entrevista aconteceu na ocasião de sua vinda a Teixeira de Freitas para apresentação do Programa de Governo Participativo de Rui Costa.

O assunto abordado na entrevista com o senador foi o caso Gel Lopes, no domingo 16, divulgamos uma matéria onde falávamos sobre o assunto abordado na entrevista, na referida matéria garantimos a nossos leitores que durante a semana divulgaríamos a entrevista completa, o que agora fazemos, para que você possa avaliar com carinho cada detalhe da entrevista de Walter Pinheiro ao RC.

Gostaríamos de ressaltar que o nome do senador na entrevista será identificado pelas letras WP, já as perguntas feitas por Jotta Mendes será identificada pelas letras RC.

Walter Pinheiro em entrevista a Jotta Mendes (1)RC– Senador, há exatos 22 dias tivemos aqui na cidade de Teixeira de Freitas um jornalista executado de forma covarde e cruel, recebendo 06 tiros de pistola 9 mm; o jornalista estava trabalhando, uniformizado e dentro do carro de sua empresa. Neste momento eu como repórter e como representante da imprensa do extremo sul, cobro do senhor como senador da República providências em relação a este caso e uma investigação séria para que se possa chegar aos culpados.

WP– Creio que essa coisa, é o que mais tem sido lutado nos últimos anos, eu tenho batalhado nos últimos anos á nível de Brasil, que é a não só a liberdade de imprensa, mas também você coibir, banir de todas as formas, daqueles que tentam calar a voz da imprensa com atitudes desta natureza. Perdemos um companheiro que fazia um trabalho importante do ponto de vista pra sociedade com o jornalismo investigativo, o jornalismo inclusive informativo, portanto cabe não só a estrutura de polícia, do Estado da Bahia, e isso tem sido cada vez mais buscado, você intensificar não só a descoberta desta questão e a punição, mas também medidas que você adote daqui para frente para ir cada vez mais eliminando a possibilidade deste tipo de execução covarde, assim também em nível nacional.

Isso não é uma tarefa só da polícia da Bahia, essa é uma tarefa da Polícia Federal, essa é uma tarefa do Ministério da Justiça, por que você pode dizer: “-mas quando morre alguém que não é jornalista tem que ter o mesmo trato!”, só que há uma diferença bem clara, estes são crimes que são associados. Há uma estrutura de mando, há uma estrutura de poder que se sente ameaçado, há uma estrutura as vezes até econômica, e que portanto enxerga na imprensa o adversário, enxerga no profissional de imprensa a possibilidade inclusive de eliminar suas vantagens, as suas falcatruas, eliminar as facilidades com que algumas pessoas se movimentam.

Então, matar um jornalista, não é eliminar uma pessoa como se a gente fizesse na estatística, é tentar inclusive calar de uma vez por todas a voz do povo, é tentar inclusive matar a possibilidade do povo coibir estas pessoas que praticam o mal. Então, portanto, de nossa parte, sempre tem e terá todo esforço, e todo empenho, para que esta estrutura não seja só a estrutura do Estado em colocar a disposição para a gente adotar medidas, mas a estrutura como um todo até inclusive de forma intensiva a estrutura do Ministério da Justiça para que a gente tenha condição de em Teixeira de Freitas adotar uma postura tão rígida, tão forte e tão pesada como se adota quando alguns jornalistas, ou até membros da imprensa sofrem este tipo de ataque em outras praças mais importantes. Portanto é tão importante a praça de Teixeira de Freitas quanto de qualquer praça de importância no Brasil.

Nós tratamos de uma vida (que é fundamental tratar disso), e tratamos também de uma coisa muito importante que é o caminho da vida. Portanto se a gente calar esta voz, se a gente elimina isso, quantas vidas não serão eliminadas?, e essa imprensa não vai ter mais nem condição sequer de fazer a denúncias daqueles que continuam ainda achando que podem adotar posturas de um passado, a gente cada vez mais quer banir da sociedade que são os sujeitos que acham que são donos de tudo, e portanto querem continuar reinando, reinando de forma inescrupulosa, de forma absurda, e de forma truculenta.

RC– Senador, na última terça-feira (11/03), o deputado Valmir Assunção fez um pronunciamento duro na Câmara dos Deputados, pedindo que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara de Deputados viesse a Teixeira de Freitas, seria o caso do Senhor também pedir, reforçar este pedido do Deputado Valmir Assunção, e até que viesse em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos do próprio Senado Federal?

WP– Eu posso tranquilamente sem problema reforçar este pedido no Senado, mas acho que é importante também (e eu volto a insistir nisso), que a comissão venha para um processo investigativo; agora a tarefa de uma Comissão de Direitos Humanos é muito mais no sentido de tentarmos analisar os fatos, eu acho que devemos incluir nessa vinda a Teixeira, uma ação um pouco mais adiante disso, é importante a vinda da Comissão de Direitos Humanos, mas é importante a gente envolver a estrutura de Polícia Federal e do Ministério da Justiça, para que as ações tenham concretude, e possamos não só identificar, mas efetivamente punir, e estabelecer mecanismos de atuação local, para a gente dar garantias de vida aos profissionais de imprensa que aqui laboram.


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