Secretário Max Almeida informa que o Consaúde se tornou referência na Bahia
Em entrevista ao blog Foco no Poder, o secretário de Saúde, Max Almeida, falou sobre a dificuldade que enfrentou nestes 120 dias de sua gestão na pasta, além da necessidade de compreensão dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), a luta pelas melhorias nos serviços ofertados, os ganhos com a inclusão do Hospital Municipal de Teixeira de Freitas (HMTF) no Consórcio de Saúde e muito mais.
“Quinto mês na gestão superando as dificuldades de se montar um projeto de saúde fragmentado devido ao cenário nacional. Reconstruir dar mais trabalho que construir”, assim começou sua resposta ao ser perguntado sobre quais seriam os principais gargalos da saúde em Teixeira hoje.
Max define os gargalos de como “pontos para se aplicar energias”, e cita:
“Setor de marcação de exames tem algumas dificuldades para aumentar sua efetividade, hospitais hoje têm boa resolutividade, contudo, o tempo de espera do cidadão dentro da UPA é uma coisa que nos preocupa por vários aspectos.
-
priorização de casos onde tem que se garantir que aqueles que correm risco iminente de perder a vida sejam atendidos, então nossa primeira preocupação é que não haja nenhuma baixa (morte na linguagem médica)
-
conscientização cultural e o entendimento de que a saúde é um problema nacional.”
O secretário comentou que costuma visitar hospitais públicos e privados quando viaja para observar e fazer comparativos. No que pôde observar que hospitais de Brasília e Salvador, por exemplo, nos últimos quatro meses, tiveram piora “no cenário de espera”, em todos, até no privado, pacientes esperam mais de três horas por atendimento.
A população tem se queixado nas ruas da saúde, que ainda é aonde existe a maior cobrança. Mas, ao ouvir o secretário, pode-se dizer que “já esteve pior”. Hoje, depois de organizar a bagunça encontrada, conseguir adquirir equipamentos e remédios para hospitais, Postos de Saúde da Família e Unacon, Max atua na busca de humanizar o atendimento e conscientizar os usuários do SUS, além de consolidar o ingresso do HMTF no Consaúde.
Ele explica que nos três primeiros meses do ano houve baixa de arrecadação e redução do orçamento na saúde, o que resultou em diminuição na contratação de serviços, “quando você faz isso, mas, não tem como reduzir demanda, se torna difícil equacionar”. Mesmo assim a cobrança da população tem diminuído, como mostram as pesquisas periódicas que tem sido feitas.
Max ilustrou com o caso da UPA 24h, uma das campeãs de reclamações dos teixeirenses, sobretudo no quesito tempo de espera para atendimento. Veja o que ele diz:
“Não se desfragmentar um perfil que é instalado pelo Ministério da Saúde e contratar mais médicos pra UPA. Lá tem um perfil quantitativo médico para que tudo funcione com dois médicos 24h, uma equipe de retaguarda, leitos de retaguarda, e para isso ela tem um orçamento de 100 mil reais, R$ 150 mil qualificado. Hoje ela não é qualificada em Teixeira e tem um custo operacional de R$230 mil. Se você levar em consideração que a gente já coloca, periodicamente, quando precisa, um terceiro médico, essa UPA custa 300 mil, nos picos ultrapassa isso.
Quando você privilegia uma unidade para tentar sanar um problema e ‘descobre’ que em outra unidade vai faltar recursos. Aí se começa a pensar o que é mais prioridade, a porta de urgência ou continuidade do tratamento? A gestão traz várias incógnitas que você tem que levar em consideração em tempo muito rápido”, detalha.
Ele prossegue que, talvez, caberia num terceiro momento a projeção de outra UPA em Teixeira, “mas, o momento imediato em Teixeira é de reorganização de seu próprio fluxo, no aspecto de o cidadão e equipe de atenção básica terem uma noção da classificação do problema ainda nessa fase”.
Ainda sobre a UPA, o secretário explica que “o tempo de espera é algo muito relativo de ser analisado”, uma vez que na unidade os atendimentos são feitos a partir da triagem, onde os pacientes são classificados conforme gravidade do quadro.
O secretário explica que, por exemplo, “uma emergência vermelha não demora menos de uma hora ou mais para ser resolvida”, que seria algum paciente com risco iminente de morte chegar a UPA.
“Esse tempo que uma equipe está pra salvar uma vida pode ser grande pra quem espera, mas, pra quem está sendo salvo não se pode mensurar”, resume.
Max Almeida não tapou o sol com a peneira e afirmou que lidam “com bons e maus profissionais”. Citou o aspecto da humanização, resumido na fala:
“Temos médicos que veem no idoso a figura do seu avó, numa criança a figura de seu filho, e temos alguns médicos que talvez não deveriam ter mais contrato, é em cima destes, que precisam entender que o sistema público deve ser humanizado, principalmente na nossa gestão, é o que estamos trabalhando no mês de maio.”
Não restaram dúvidas de que Max e sua equipe estão fazendo base sólida para engrenar com os trabalhos. Até então, ele conta que trabalhou incansável na aquisição de medicamentos, equipamentos etc.
“Era muita coisa pra pouco tempo, mas, hoje, a bola de neve está rodando ainda devagar, mas, ela não parou de descer o monte. Ainda tenho grandes problemas administrativos, como contratação de prestadores que estejam 24h na cidade, para manter os leitos da UTI com seus aparelhos sempre calibrados. Os prestadores de antes eram de fora, que ganhavam licitações sem critério nenhum nas gestões anteriores e deixavam sucatear nossos equipamentos”, conta.
“Tudo demanda tempo, e quem quer atendimento tem urgência, não quer saber dos aspectos de logística e burocracias. Entretanto, Teixeira oferta serviços em alta complexidade, e a alta complexidade de um município começa na administração, para que tenha agilidade e para se construir isso tudo demanda tempo, não dá pra fazer em 120 dias”, esclarece o secretário, sobretudo aos críticos da saúde.
“A equipe da saúde hoje vem alavancando e fazendo a diferença. Conseguimos nesses 120 dias reparar erros correntes. Eu sei que tem muita coisa que pode melhorar, eu sei que na saúde ainda tem muita coisa acontecendo de maneira negativa, mas, muito em breve deixará de aparecer como algo negativo relativo a este governo”, pontua, mas, deixa claro que no SUS as pessoas vão esperar, porque “é natural a espera, não há oferta para toda demanda, não há financiamento para ofertar todos os procedimentos de alta complexidade para todas as pessoas que acham que precisam, para isso, é necessário classificar os riscos, as patologias, e pra criar isso demanda tempo. E o tempo pra quem espera é urgente”, disse o secretário.
Ele contou que o prefeito Temóteo Brito suavizou muito nos últimos 30 dias e que todas as pastas estão inclinadas para ajudar a saúde.
“O próprio prefeito vem empenhando recursos que não empenhava para ajudar a saúde. Esses números favoráveis que vem diminuindo a cobrança na saúde são fruto do empenho de um governo que entendeu que havia um ponto frágil, e hoje na saúde tem uma equipe que, em sua maioria, busca evoluir, com seriedade e honestidade”, afirmou.
O secretário acredita que a saúde da cidade ainda será referência na Bahia, até porque é um compromisso do prefeito, que tem se empenhado muito na busca de soluções e tem feito além do que pode para ajudar.
Como grande desafio Max descreve que é reorganizar o perfil de atendimento para equacionar o orçamento.
“Para fazer isso teremos que remodelar perfis de atendimentos médicos e de unidades”, externou, mas, demonstra coragem para propor e motivar pessoas para fazer essa mudança.
Sobre o Consórcio de Saúde, ele acredita que “melhorará o HMTF, que já vive um novo momento. Nosso grande gargalo era ortopedia, antes um paciente ficava de 30 a 45 dias esperando por cirurgia, hoje, o tempo máximo é de 11 a 17 dias, está rodando melhor mesmo com uma sala cirúrgica a menos, pois a outra passa por manutenção”, e contou:
“Estava em reunião em Salvador estudando, desenhando como será colocar o hospital municipal dentro do consórcio. É preciso antes organizar o que está precisando dentro do hospital, os processos de trabalho, os perfis, os fluxos, colocar as comissões para funcionar antes. Estamos confiantes de que isso vai acontecer.”
“Vai entrar primeiro o HMTF, depois a UMMI; é preciso que tudo seja muito responsável. O HMTF estando no consórcio já vai mudar o cenário da região. Já vai poder proporcionar uma qualidade melhor. Sairá um plano de ação a ser assinado por todos os prefeitos que hoje fazem parte do Consórcio, em que cada um terá uma responsabilidade e terá que assinar, inclusive Teixeira. Isso é um instrumento físico que poderemos apresentar ao Ministério da Saúde e solicitar apoio do governo federal”, e, no futuro, elevar o patamar, solicitando a construção de um hospital universitário na cidade.
“Mesmo que não tenhamos tempo, estamos fazendo uma base tão sólida de forma que as próximas gestões possam fazer isso com mais agilidade e facilidade”, acredita.
A inserção no consórcio tem que ser por etapa, “absorveu o HMTF, daí pode absorver a UMMI, para que a estrutura administrativa consórcio se monte e a UMMI entraria como setor, seria bem mais fácil”. A estrutura consórcio é algo resultante, mas, o sentimento de priorizar casos é primordial, segundo o secretário, e isso se cria automaticamente quando o município precisa respeitar cotas em atendimentos, ele escolhe melhor o paciente, com base em sua real urgência.
O secretário comentou como a policlínica do Extremo Sul deu certo e, consequentemente, a viabilidade desse modelo de consórcio, em que foi pioneira na região. Mesmo enfrentando dificuldades no começo, pegou o jeito e se tornou referência na Bahia.
“É um instrumento [o Consaúde] cujo primeiro fruto é a policlínica, que hoje é uma máquina de produção. Nunca houve na região oferta tão grande de especialidades e diagnósticos que já está funcionando a todo vapor”, concluiu.
Por Foco no Poder
Edição Bell Kojima/Repórter Coragem