Manchete

Afastado PM que pisou em pescoço de mulher após ser atacado com barra de ferro

14/07/2020 - 09h45Por: Bell Kojima

Policiais militares filmados agredindo uma mulher em Parelheiros, no Extremo Sul da capital paulista, foram afastados e o governador, João Doria (PSDB), classificou a abordagem como “inaceitável” após a exibição das imagens no “Fantástico”, da “Rede Globo”, na noite deste domingo, 12 de julho.

Na ação, um dos policiais chega a pisar no pescoço da comerciante e a arrastá-la. As imagens mostram uma abordagem policial realizada após uma reclamação por som alto nas imediações de um bar. O caso ocorreu no dia 30 de maio.

Em entrevista ao programa de televisão, a mulher, de 51 anos, conta que estava trabalhando no bar, quando viu que um policial estava batendo em um amigo. Ela diz que foi empurrada na grade do bar, levou três socos e teve a tíbia quebrada ao levar uma rasteira.

Em uma das cenas, a mulher aparece deitada no chão com o policial pisando em seu pescoço. Depois, ela é algemada e arrastada para uma calçada. Já na calçada, a comerciante é novamente imobilizada pelo pescoço. Desta vez, o policial usa o joelho.

Ao “Fantástico”, o policial informou que um colega foi agredido pela mulher com uma barra de ferro e, por isso, a comerciante foi contida.

Ele afirmou ainda que a ação “foi um meio necessário“.

A mulher nega.

Nas redes sociais, o governador João Doria disse que as cenas “causam repulsa“.

Inaceitável a conduta de violência desnecessária de alguns policiais. Não honram a qualidade da PM de SP.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que um inquérito policial militar (IPM) foi instaurado em 30 de maio e que os policiais já foram afastados. Eles vão ficar fora das atividades operacionais até o fim das investigações.

A mulher mencionada pela reportagem, após liberação médica, foi apresentada à autoridade policial, no dia 31. Informada sobre seus direitos, ela decidiu permanecer em silêncio e se pronunciar apenas em juízo, assim como os outros dois homens detidos no dia anterior. Todos permaneceram à disposição da Justiça. O caso também é investigado por meio de inquérito pelo 25° DP, responsável pela área dos fatos.

A Secretaria disse ainda que “não compactua com desvios de conduta de seus agentes e apura rigorosamente todas as denúncias“.

Informou também que, desde o dia 1º, policiais militares de todos os níveis hierárquicos estão participando de um treinamento para “reforçar os conhecimentos e técnicas da instituição“.

A medida foi anunciada por Doria no mês passado, em meio ao recorde de letalidade e denúncias de violência policial.

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George Floyd

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O tipo de imobilização usada no caso de Parelheiros tem sido alvo de críticas principalmente após a morte do americano George Floyd, em Minnesota, nos Estados Unidos, em maio.

Ele foi asfixiado por um policial que prendeu seu pescoço com o joelho por quase nove minutos. A ocorrência desencadeou protestos em várias partes do mundo.

Edição: Bell Kojima


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