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Ex-sócio de operador de Eduardo Cunha negocia delação na qual Geddel é citado

16/07/2016 - 17h56

Geddel Vieira Lima

Acusado de envolvimento em esquema de corrupção e desvio de recursos na Caixa, o empresário Alexandre Margotto negocia um acordo de delação premiada com investigadores da Procuradoria-Geral da República.

Ele informou a investigadores ter detalhes sobre tratativas de políticos e autoridades que frequentavam o escritório em São Paulo que mantinha com o corretor Lúcio Funaro, entre eles o atual ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, ex-vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco público.

Preso no início do mês, na Operação Sépsis, uma das fases da Lava Jato, Funaro é apontado como operador do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDBRJ) no esquema.

Margotto é acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de receber parte das propinas pagas por empresas a Cunha e Funaro, em troca da liberação, pela Caixa, de investimentos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

Alvo de mandado de busca e apreensão na Sépsis, ele também foi sócio do ex-vice-presidente de Fundos e Loterias do banco Fábio Cleto, cujo acordo de colaboração baseou a denúncia oferecida pela PGR ao Supremo Tribunal Federal.

Conforme investigadores ouvidos pelo Estado, as tratativas para a delação estão em fase inicial. Geddel confirma as visitas ao escritório da dupla, mas não dá detalhes dos assuntos que tratou com o corretor, a quem chama de “um conhecido“.

“Ia por cortesia. Não foram tantas vezes”, afirmou o ministro, que foi vice da Caixa de março de 2011 a dezembro de 2013.

Antes, foi ministro da Integração Nacional no governo Lula, de 2007 a 2010. Além das visitas ao escritório em São Paulo, Geddel afirma que se encontrou com Funaro na capital federal. Os encontros, afirma, eram “circunstanciais”.

“Eu o conheci em Brasília. Ele estava sempre em Brasília”, disse o ministro.

Geddel afirma não se recordar com exatidão do que tratava no escritório de Funaro, tampouco das datas e do número de vezes em que esteve no local. Afirmou também que o corretor nunca lhe fez pedidos relativos ao banco público.

“(Queria) saber de mercado, como é que estava: como vai, tudo bem?. Nem me recordo se era vice-presidente da Caixa”.

Conforme a Procuradoria-Geral da República, Margotto ficava com 4% das propinas pagas no esquema de corrupção na Caixa. A denúncia oferecida ao Supremo, que tramita em sigilo, atribui a ele 15 atos de corrupção passiva e 318 de lavagem de dinheiro.

Numa eventual colaboração, ele diz que pretende implicar Funaro em outros esquemas. O Estado não localizou o empresário ou seus representantes.

A defesa de Funaro sustenta que provará a inocência de seu cliente e alega que Margotto tentou extorqui-lo.

Num áudio revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, o ex-parceiro do corretor pede dinheiro para não fazer denúncias contra ele, incluindo um suposto pagamento de suborno a um juiz.



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