Mãe diz que matou filha a facadas na pia da cozinha e depois tentou matar o companheiro
Em depoimento à 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro) nesta quinta-feira, 13 de fevereiro, Laryssa Yasmim Pires de Moraes, 21 anos, narrou detalhes de como executou a facadas a própria filha após uma crise de ciúmes. .
Segundo a jovem, o crime ocorreu por volta das 5h, na cozinha do apartamento de apenas três cômodos. O imóvel fica localizado na Chácara 148, da Colônia Agrícola Samambaia, em Vicente Pires.
Ela contou ter acordado por volta de 5h30 da manhã. Depois, colocou sobre a pia um colchão de berço e levou a filha até a bancada.
“Tentou, primeiro, dar uma facada, mas não deu certo. A bebê começou a chorar. Foi aí que ela tentou sufocar com a mão, fechou os olhos e acertou outras 2 vezes”, descreve o delegado Josué Ribeiro da Silva.
O primeiro golpe acertou a pequena Júlia Félix de Moraes, 2 anos 2 meses, próximo ao pescoço, mas não chegou a perfurar a pele da menina, pois Laryssa teria usado pouca força. No entanto, na sequência, ela apunhalou a garota mais 2 vezes e, dessa vez, a lâmina penetrou o tórax.
Segundo as investigações, a barbárie foi praticada com uma faca de pesca, de ponta triangular.
Após tirar a vida da criança, Laryssa foi ao quarto onde o companheiro e pai da menina, dormia e tentou acertá-lo. Giuvan Félix de Araújo, 25, teria acordado assustado e, na tentativa de desarmar a mulher, acabou se ferindo no rosto e na mão.
“Acordei com a faca na cara”, relatou o homem.
Após tomar a faca de Laryssa, ele se deparou com a filha ensanguentada e acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) .
“Enquanto Giuvan estava no telefone, ela guardou a faca e escondeu o colchão na área de serviço, que encontramos após voltarmos à casa”, afirma o delegado.
De acordo com Giuvan, Laryssa morava com ele há pouco mais de 1 mês, após ter sido expulsa de casa pela mãe.
“Ela era uma pessoa difícil de lidar”, nas palavras do recepcionista.
A mulher, segundo Giuvan, iria embora na quinta-feira.
Testemunhas contaram que, ao entrarem no apartamento onde o casal morava com a criança, Giuvan estava cheio de sangue e apontou Laryssa como responsável pela morte da menina. A mulher, por sua vez, estava acuada no canto do imóvel.
Uma moradora do prédio que fica em frente ao da família disse não acreditar no ocorrido.
“Eu via sempre a criança brincando na janela. Ela era linda. Gostava de cantar e brincava por horas. O pai é muito tranquilo, trabalhador. Não estamos entendendo o que aconteceu”, contou a mulher, que preferiu não se identificar.
Ela disse que os vizinhos ouviram Giuvan gritando, por volta das 5h, que Laryssa havia matado a filha.
Maria Gilmaria Sousa Espíndola, 44, é a proprietária do apartamento onde o casal morava. Segundo ela, o imóvel estava alugado para o rapaz havia mais de 1 ano.
“Ele é muito jovem, gente boa. Nunca tivemos reclamações. Ela morava com ele há pouco tempo. Nunca houve reclamações sobre o casal. Era um apartamento muito organizado. Ela vivia com a menina para cima e para baixo. Para a gente do prédio, é assustador. Os vizinhos nunca ouviram barulho nem presenciaram brigas”, afirmou.
O que se sabe na vizinhança é que Giuvan teria terminado um outro relacionamento e Laryssa teria vindo ao DF com a filha para morar com o rapaz.
Quando os militares chegaram ao local, a mulher estava ao lado do corpo da criança e não resistiu à prisão. Teria inclusive levantado o braço quando perguntaram quem tinha assassinado a criança, assumindo a autoria do crime.
De acordo com a corporação, a suspeita faz uso de álcool e drogas, mas estaria sóbria na hora do homicídio.
Ela foi levada à 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro). O companheiro também foi à DP para prestar esclarecimentos. Presa em flagrante, Laryssa vai responder por homicídio duplamente qualificado e lesão corporal. Caso condenada, a mulher pode pegar de 12 a 30 anos de pena.⠀
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Pai é suspeito de participar da morte da filha
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As suspeitas sobre quem matou Júlia, a facadas, se estendem agora para o pai da criança, Giuvan Felix. O delegado Josué Ribeiro, ouviu no fim da manhã, a versão de Laryssa Yasmim, primeira suspeita do assassinato da filha.
De acordo com o investigador nas duas versões os suspeitos se contradisseram.
“Agora ela diz que foi ele quem matou a bebê”, disse.
“Um aponta para o outro. A certeza é que a criança chorou, de fato – vizinhos relatam ouvir o choro -, mas ele é o único que não ouviu barulho nenhum, o que nos chama muito a atenção”, afirmou Josué.
A investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) trabalha também com a possibilidade dos dois terem planejado o crime de homicídio.
“O comportamento de nenhum deles condiz com a situação. Os dois, mesmo de frente um para o outro, estão muito frios. O comportamento não condiz com o de pais que acabaram de perder uma criança”, destacou o delegado.
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Delegado diz que há indícios de que mãe planejou matar filha
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O Josué Ribeiro, afirmou que há indícios de que a morte de Júlia foi premeditada. Isso porque, em depoimento, Giuvan Félix disse suspeitar de ter sido dopado por Laryssa Yasmim no dia do crime.
“Fizemos o exame toxicológico no Giuvan e o resultado deve sair em 15 dias. Caso essa possibilidade seja confirmada, mudamos a versão para premeditação, ou seja, a mãe teria elaborado um plano para matar os dois”, explicou Josué.
O delegado ainda contou que o pai da garotinha estava desolado na unidade de saúde em que foi atendido.
“Às vezes, a ficha de algumas pessoas demora a cair. Quando ele foi tratar de seu corte no rosto, chorou muito no hospital, e a todo momento perguntava por sua filha”, pontuou o investigador.
Em depoimento à PCDF, Giuvan informou sobre uma suposta tentativa de Laryssa de matar a filha afogada em uma banheira. Em sua defesa, a mãe da criança disse que apenas havia saído do banheiro e deixado Júlia sozinha. Quando voltou, a garotinha estava se afogando.
O corpo de Julinha, como a menina era tratada, foi enterrado nesta sexta-feira, 14, em Padre Bernardo (GO), município goiano no Entorno do Distrito Federal.
Durante o sepultamento, a mãe de Laryssa Yasmim pediu perdão em nome da filha.
“Gostaria que vocês não julgassem as pessoas. Só Deus tem o direito de julgar e condenar. Eu estou sofrendo muito. Ela vai pagar pelo que fez”, destacou a merendeira Luciana Pires da Silva, 37.
“É um pedido de uma mãe”, acrescentou a mulher, que chorou copiosamente abraçada a um ursinho de Júlia.
Muito abatido, Giuvan Félix chorou bastante durante o cortejo e não deu uma palavra. Permaneceu ao lado do jazigo, parecendo estar em choque. A família do recepcionista não se conforma com a barbárie.
“Não foi por falta de aviso. Ela (Laryssa) tentou matar Júlia afogada em uma banheira e inventou uma desculpa que foi um acidente. Desde então, o Giuvan pediu a guarda da menina”, lembrou Elves Rodrigues de Oliveira, 30, tio paterno da menina.
O episódio teria ocorrido há 6 meses.
“Ele estava lutando pela guarda. Amava muito a minha sobrinha e dava para ela o que ele tinha e o que não tinha”, frisou Elves, muito abalado.
Ele diz que os esforços agora são para dar todo o apoio para Giuvan, que foi inocentado.
“Temos que consolar e ver como ele fica. Não é fácil para um pai perder uma filha desse jeito. Ainda mais que ele presenciou tudo”, ressaltou.
Edição: Bell Kojima