No “lixão”: catadores disputam carga de frango impróprio para o consumo em Teixeira de Freitas

A Polícia Rodoviária Federal de Teixeira, apreendeu por volta das 22h de quarta feira (11), veículos particulares que faziam o transporte clandestino pela BR-101 de mais de 03 toneladas de frangos congelados.

A PRF recebeu uma denúncia anônima, dando informações que a carga, que estava dividida em duas pick-ups, com licenças de Itabela e Itabuna e em um furgão, teriam saído da cidade capixaba de Pedro Canário-ES e seguiria com destino a Itabela e Itabuna, já na Bahia.

Após montar uma barreira policial em frente ao posto da PRF de Teixeira de Freitas, o produto foi encontrado e apreendido.

Segundo técnicos da ADAB, o produto, estava sendo transportado sem as devidas condições de temperatura, (em média de 4º), no fundo da carroceria das pick-ups e ainda não poderia ser comercializado na Bahia, uma vez que os frangos só possuíam o selo de Inspeção Estadual do Espírito Santo.

Os condutores dos veículos que transportavam as cargas, sendo um senhor de 71 anos, que se apresentou como dono da mercadoria, foram multados e após as devidas formalizações foram liberado.

O material apreendido foi encaminhado para o aterro sanitário municipal para ser destruído, pois de acordo com os técnicos da ADAB, estariam impróprios para consumo.

Saque

Durante a destruição do produto de origem animal no aterro sanitário, diversas pessoas, que vivem durante o dia no local, encontrando no lixo seu meio de subsistência, chegaram a entrar na valeta cavada por funcionários do aterro para que o frango fosse jogado.

Foi uma verdadeira guerra por alimento, onde pessoas de diversas idades e sem nenhuma proteção, ou uso de EPI, como luvas ou botas, disputavam em meio a lixo e ao entulho despejado pela máquina, um pedaço do frango.

Técnicos da ADAB, e funcionários do aterro tentaram conter a população, mas não obtiveram êxito, diante de tantas pessoas sedentas por um pouco do alimento.

Sacolas e mais sacolas saíram do aterro, rumo ao lar dos catadores, que sem nenhuma expectativa, passam o dia revirando o lixo para encontrar um pouco de comida e alguma forma de levar o pão para casa.

De acordo com dona Maria José, uma senhora de 60 anos, que passa o dia catando e revirando o lixo no aterro, a coleta, foi o único meio que encontrou para sobreviver.

“Gostar de trabalhar aqui ninguém gosta, não é? O fedor é muito grande, as vezes, temos que disputar alimentos com os urubus, fora a grande quantidade de moscas. Mas foi o que encontrei para viver. Nesse mundo de meu Deus, só tenho a força dos braços para conseguir um pouco de comida. Sou viúva, com o pouco que consigo aqui, eu alimento a mim, e meus dois netos. Não queria estar aqui, mas não tem jeito, eu ainda espero, mas barriga de criança não espera”, concluiu.

Segundo informações colhidas no local, dezenas de pessoas ficam diariamente em meio ao lixo do aterro sanitário de Teixeira de Freitas, retirando do solo contaminado alimentos e outros tipos de materiais recicláveis. Os catadores, não usam nenhuma proteção ou mesmo EPI (Equipamento de Proteção Individual) e ficam sob o sol forte, vulneráveis a todo tipo de doenças.

Perguntados se os mesmos recebiam algum tipo de auxílio da assistência social do município, os catadores foram unânimes em afirmar que já procuraram o órgão por dezenas de vezes, mas que até o momento não obtiveram respostas do poder público.

Nossa equipe entrou em contato com a Secretaria de Assistência Social do Município, mas fomos informado que o responsável estaria em horário de almoço. Até o fechamento da matéria, ninguém do órgão retornou o contato.

Por Viviane Moreira/OPovoNews