Moro

PF prende suspeitos de invadir celulares de Moro e outras autoridades

26/07/2019 - 21h52Por: Bell Kojima

A Polícia Federal (PF) prendeu nesta nesta terça-feira, 23 de julho, 4 pessoas sob suspeita de hackear telefones de autoridades, incluindo o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador, Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

A PF não divulgou detalhes da investigação. Foram cumpridas 11 ordens judiciais, das quais 7 de busca e apreensão e 4 de prisão temporária nas cidades de São Paulo, Araraquara (SP) e Ribeirão Preto (SP). Foram presos 3 homens e 1 mulher, depois transferidos para Brasília, onde prestarão depoimento à Polícia Federal.

A operação se chama Spoofing, termo que, segundo a PF, designa “um tipo de falsificação tecnológica que procura enganar uma rede ou uma pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação é confiável“.

A reportagem apurou que a PF chegou aos suspeitos por meio da perícia criminal federal, que conseguiu rastrear os sinais do ataque aos telefones. Para investigadores, o grau de capacidade técnica dos hackers não era alto.

A investigação, segundo a reportagem apurou, ainda não conseguiu estabelecer com exatidão se o grupo investigado em São Paulo tem ligação com o pacote de mensagens privadas dos procuradores da Lava Jato obtido pelo site The Intercept Brasil.

Uma possível relação entre os dois assuntos não foi confirmada oficialmente pela PF.

Segundo o órgão, “as investigações seguem para que sejam apuradas todas as circunstâncias dos crimes praticados“.

O advogado, Ariovaldo Moreira, que defende, Gustavo Henrique Elias Santos, um dos presos em Araraquara, disse desconhecer o envolvimento de seu cliente com atividades de hackers. Segundo o defensor, Santos trabalha como DJ. O suspeito já foi condenado pelo Tribunal de Justiça de SP por porte ilegal de arma.

A reportagem não confirmou os nomes dos outros três suspeitos. As ordens judiciais foram expedidas pelo juiz federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira. O delegado da PF à frente do caso é Luís Flávio Zampronha, que em 2005 e 2006 presidiu o inquérito que apurou o escândalo do mensalão.

A investigação em curso foi aberta em Brasília para apurar, inicialmente, o ataque a aparelhos de Moro, do juiz federal, Abel Gomes, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), do juiz federal no Rio, Flávio Lucas e dos delegados da PF em São Paulo, Rafael Fernandes e Flávio Reis.

Segundo investigadores, a apuração mostrou que o celular de Deltan Dallagnol, também foi alvo do grupo. O caso de autoridades da Lava Jato em Curitiba está sendo tratado pela PF no Paraná.

Mensagens reveladas pelo site Intercept desde 9 de junho apontam colaboração entre o então juiz e Deltan quando ambos atuavam em Curitiba. Em 23 de junho, a Folha de S.Paulo começou a publicar reportagens que exploram o material obtido pelo site.

Em audiência no Senado, Moro deu detalhes do ataque hacker de que foi vítima. Afirmou que, em 4 de junho, por volta das 18h, seu próprio número o telefonou três vezes.

Segundo a Polícia Federal, os invasores não roubaram dados do aparelho do ministro –apenas Deltan, teve informações captadas durante o ataque que sofreu.

Moro, afirmou ainda que deixou de usar o Telegram, aplicativo de onde as mensagens vazadas foram extraídas, em 2017. Após notícias de ataques hackers nas eleições dos Estados Unidos, ele começou a desconfiar da segurança do aplicativo de origem russa.

O ministro diz que apagou o Telegram de seu aparelho e que não tem mais os arquivos das conversas. Em junho, a força-tarefa da Lava Jato no Paraná divulgou nota afirmando que os procuradores da operação desativaram suas contas no aplicativo e excluíram os históricos de conversas após sofrerem ataques hackers neste ano.

Segundo o Telegram, se o usuário não acessar o aplicativo por seis meses, a conta é destruída automaticamente.

A empresa também afirma que, caso um usuário tenha deletado a conta, todos os dados, como mensagens, grupos e contatos associados, são apagados do sistema.

Edição: Bell Kojima


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