90 dias do caso Gel Lopes: incompetência e silêncio, ou, pura omissão?
Hoje completa 90 dias do homicídio covarde do jornalista Jeolino Lopes Xavier, “O Gel Lopes”, abatido a tiros numa rua movimentada de Teixeira de Freitas no dia 27 de fevereiro.
Passados 90 dias de um crime sem solução, de boatos infundados e promessas de elucidação que, ao que tudo indica, estão longe de ser cumpridas, o assassinato parece ter entrado para o triste rol das meras estatísticas criminais.
Gel Lopes deixou a vida, e o silêncio covarde daqueles que deveriam denunciar esbarra no medo (ou favorecimento, sabe-se Deus!) de alguns de seus colegas de profissão, que, em parte, permanecem inertes e calados diante de tamanha brutalidade.
Não solucionar este crime é vilipendiar a imagem do profissional, do cidadão, do amigo, e, acima de tudo, é atestar com sangue a certeza da impunidade.
A quem interessaria a morte do jornalista? Até o momento, só especulações. Nem mesmo a polícia, que já reuniu a imprensa para falar sobre o caso, conseguiu chegar a uma conclusão.
E a tal reunião, tão esperada por uma parte de nós profissionais, esta parte sim, comprometida com a verdade, só causou frustração nos amigos e colegas que anseiam, assim como a sociedade teixeirense, por justiça e mantêm firme a esperança de encontrarem os culpados.
Esperança essa, que nestes 90 dias passados foram frustradas, força tarefa que aqui nunca esteve, cobranças de políticos influentes que aqui chegaram e tenham talvez feito desta tragédia palanque para suas intenções políticas, e que nunca de fato chegaram a tomar qualquer medida, promessas e mais promessas.
Ainda acreditamos na justiça, acreditamos que o causador desta dor que assola a sociedade teixeirense, assola os amigos, e, principalmente, à família, venha a ser encontrado e que pague pelo que fez.
Enquanto esperamos, continuaremos com nossa bandeira levantada, a bandeira da saudade, da dor não contida em lágrimas com as lembranças doces daquele que foi, e sempre será, um exemplo de luta de fé.
Continuaremos aqui a exigir, a cobrar, não iremos nos calar. Enquanto nossa voz puder ser ouvida, enquanto apenas um de nós existir, clamaremos para que o sangue derramado naquele dia não caia no esquecimento, mas que fique guardado no fundo da alma, nos dando forças para que continuemos cobrando, até que nos falte o ar, mas nunca disposição e coragem para exigir que as autoridades competentes se manifestem, se mobilizem e deem uma resposta à sociedade, uma resposta à família, e, por fim, uma resposta a própria imagem da polícia, arranhada pela inércia, pela falta de informações que os levem a esclarecer este crime.
Nossa bandeira, sim, continuará levantada, em prol da justiça, da verdade e da saudade que ainda lateja em nossos corações, que ainda grita incrédulo numa recusa em aceitar o fim, o ponto final de uma existência promissora, simples, mas que deixou cicatrizes profundas em nossos corações.
Pro Viviane Moreira / Repórter Coragem