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Estranhamente, após ida de João Bosco a 8ª Coorpin investigações sobre o caso Gel Lopes pararam

15/04/2014 - 16h16
João Bosco

Ainda causa estranheza os reais motivos da ida do prefeito de Teixeira de Freitas, João Bosco Bittencourt (PT), a 8ª Coorpin na segunda-feira de carnaval, 3 de março, quatro dias após a morte do jornalista Jeolino Lopes Xavier, o “Gel Lopes”, de 44 anos.

Após João Bosco ter sido flagrado chegando à delegacia, o coordenador da 8ª Coorpin, delegado Marcus Vinícius, teria confidenciado a repórteres que davam plantão no local que teria ouvido o prefeito sobre o caso Gel Lopes.

Ao tomar conhecimento de tal informação, o “Repórter Coragem” divulgou uma matéria relatando que o prefeito teria sido ouvido pelo delegado, se atentando apenas ao registro do fato, com a finalidade de informar à população que as investigações continuavam de forma intensa, mesmo sendo um período de feriado prolongado, como é o carnaval.

Estranhamente na Quarta-Feira de Cinzas, 5 de março, o prefeito e sua assessoria de comunicação procuraram jeito de desqualificar a matéria publicada no site, inclusive, com a ameaça de processo judicial e diversas retaliações, levando sites que possuem propaganda da prefeitura a publicarem uma nota chula e esdrúxula, onde fazia um repúdio a tal matéria.

Na quinta-feira, 6 de março, o prefeito, em entrevista coletiva na sede alugada da prefeitura, tentou desmentir a informação, alegando que teria ido à sede da 8ª Coorpin cobrar agilidade no caso e colocar a prefeitura à disposição para ajudar no que fosse preciso.

Mas, o contrassenso do suposto interesse do prefeito em ajudar esbarrou em um simples detalhe: ano passado, a prefeitura fez um alarde enorme para anunciar a instalação do serviço de monitoramento instalado na praça da Bíblia, onde, segundo ficou evidenciado na ocasião, seria um projeto piloto, que depois seria espalhado por toda a cidade.

Porém, ao dizer que teria ido pedir agilidade e colocar a estrutura da prefeitura à disposição, o gestor não disponibilizou ao delegado as imagens contidas nas cinco câmeras instaladas na referida praça, o que só foi feito na quinta-feira, após entrevista do ex-deputado Uldurico Pinto no Programa Comando Geral da Caraípe FM, onde teria cobrado as imagens.

Outro ato falho do prefeito em sua declaração é que na sexta-feira, 28 de fevereiro, enquanto o corpo de Gel Lopes era velado no Ginásio de Esportes, houve uma reunião da Associação de Imprensa do Extremo Sul (AIESBA), na Divisão de Cultura do município. Teria participado desta reunião o diretor de cultura, Ramiro Guedes, e a assessora de comunicação da Prefeitura, Michele Ribeiro, a qual fez questão de relatar a atitude do prefeito após tomar conhecimento da morte de Gel.

Segundo Michele, após tomar conhecimento da morte do jornalista, o prefeito João Bosco teria entrado em contato com o governador Jaques Wagner e com o secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa. Neste contato, ele teria pedido providências e agilidade nas investigações, fazendo alusão ao fato de Gel Lopes ser político e radialista, unindo numa só pessoa os perfis de Ivan Rocha e Maurício Cotrim, onde um era jornalista e outro político, dois casos emblemáticos, até hoje sem solução.

O discurso de Michele foi repetido pelo gestor na manhã de sábado, 1º de março, durante o enterro de Gel Lopes em Santo Antônio. Até pareceu que os dois teriam ensaiado muito para dizer a mesma coisa e as mesmas palavras, sem erros.

Antes da ida do prefeito à delegacia, ainda na sexta-feira, 28 de fevereiro, o delegado-coordenador da 8ª Coorpin, Marcus Vinícius, teria confidenciado a alguns repórteres e jornalistas que o crime estava 80% esclarecido, apontando qual seria a motivação: um dossiê montado por Gel Lopes na região de Camaçari.

Após a ida do prefeito a 8ª Coorpin, já na Quarta-Feira de Cinzas, 5 de março, a “Associação de Imprensa” se reuniu com o delegado, supostamente, para cobrar agilidade no caso, mas, estranhamente, pediu que a reunião não fosse divulgada. No mesmo dia divulgaram uma nota de repúdio contra o RC e o blogueiro Dilvan Coelho. Na suposta nota, a “Associação de Imprensa” falava de uma mordaça para que ninguém cobrasse o caso.

Durante a reunião com a imprensa, o coordenador Marcus Vinícius já parecia que estava sem rumo nas investigações, fazendo um monte de suposições, dizendo que poderia aquele dia dar o crime como esclarecido, mas que depois a versão levantaria dúvidas.

Desde este dia que o delegado se calou, nenhuma diligência foi realizada, houve um alarde dizendo que convocaria uma coletiva de imprensa para falar sobre o caso, depois tudo ficou novamente em silêncio.

Curiosamente, os veículos que possuem contratos com a prefeitura não cobram mais o caso. O jornalista Ronildo Brito do Teixeira News, que sempre defendeu a liberdade de imprensa e o poder investigativo do jornalista, chegando a fazer parte do sindicato dos jornalistas, estranhamente passou até a redigir nota onde recriminava o trabalho de investigação do jornalista, como se tivesse rasgado seu diploma e jogado dentro de um vaso sanitário.

Neusa Brizola, que era amiga de Gel Lopes, inclusive concluiu sua faculdade de jornalismo junto com a vítima, calou o seu site e passou a fazer críticas a quem cobrava providências no caso, chegando ao cúmulo de dizer que não queria que o nome de seu amigo fosse utilizado de forma política. Detalhe, ninguém está usando o fato politicamente, apenas os sites financiados pela prefeitura, que estão tirando proveito político para se aproximaram da administração.

Diante destes fatos, resta uma dúvida: o prefeito foi realmente pedir agilidade nas investigações?

Espaço reservado para o devido esclarecimento do prefeito municipal.

Por Jotta Mendes/Repórter Coragem


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