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Lideranças políticas criticam demora da elucidação da morte de Gel Lopes

28/03/2014 - 11h37
Gel Lopes

Redação, com informações dos sites Repórter Coragem e Liberdade News

Há 15 dias, o delegado Marcus Vinicius, coordenador da 8ª Coorpin de Teixeira de Freitas e chefe das investigações da morte do jornalista Gel Lopes, disse que a Polícia Civil estava ouvindo várias pessoas, que estavam sendo cumpridas várias diligências e que todas as pistas estavam sendo essenciais para as investigações. Segundo ele, versões já haviam sido modificadas e novas linhas de apurações descobertas, inclusive com produção de resultados que poderiam levar a Polícia Civil ao esclarecimento do crime em um curto prazo de tempo.Valmir Assuncao

Mas não foi o que aconteceu. Depois de um mês, a estagnação no andamento do caso tem chamado a atenção de políticos da região, tanto no Congresso Nacional como na Assembleia Legislativa. O deputado federal Valmir Assunção e o senador Walter Pinheiro, ambos do PT da Bahia, estão preocupados com a demora na solução desse crime e prometeram acionar as forças federais para que os assassinos não fiquem ocultos e impunes.Walter Pinheiro em entrevista a Jotta Mendes (2)

O senador Walter Pinheiro afirmou que vai pedir que o Ministério da Justiça que tome providencias e que a Polícia Federal assuma a investigação do caso. “Vamos cobrar do Ministério da Justiça uma investigação séria. Mais que isso, vamos cobrar que os criminosos sejam punidos e que os jornalistas que laboram nessa região tenham garantia de vida”, afirmou.Timóteo Brito 2

Na Assembleia Legislativa, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Casa, o deputado estadual Timóteo Brito (PSD), Timóteo disse na terça-feira, 25 de março, que o motivo do crime ainda não foi divulgado por falta de apuração rigorosa fez um apelo. E fez um apelo para que haja apuração rigorosa do assassinato. “Nenhuma providência foi tomada. Quero aqui deixar registrado o meu protesto e dizer que a criminalidade está dominando a nossa região, porta de entrada do turismo do norte-nordeste e agora, lamentavelmente, também da violência. Precisamos de um tratamento diferenciado porque estamos em uma região de fronteira, o que facilita a migração de marginais”, observou Timóteo. O deputado também lamentou a ausência de um delegado especial para apurar o índice de violência em Teixeira de Freitas e demais municípios do Extremo Sul.Carlos Gaban

O vice-presidente da comissão, deputado Gaban (DEM), endossou o discurso e classificou a região como entrada principal do narcotráfico, por fazer parte da tríplice fronteira entre Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. O democrata citou levantamento divulgado na última semana por uma ONG mexicana, na qual a capital baiana, Salvador, aparece na 13º posição entre as cidades mais violentas do mundo.

O debate também foi apoiado pelo deputado Delegado Deraldo Damascemo (PSL), que acredita que o grande problema da segurança pública é a falta de efetivo policial. “Existem 1 milhão de mandados de prisão sem serem cumpridos pela falta de policiais e presídios públicos”, afirmou. Damasceno ainda destacou que a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda um policial para cada 250 habitantes. No entanto, a Bahia e o Brasil estão muito distantes dessa realidade.

Crimes não apurados

Há algumas semanas, o site Liberdade News fez um levantamento sobre crimes cometidos já há algum tempo e que não foram solucionados pela Polícia Civil de Teixeira de Freitas, que sequer deu alguma resposta às famílias que perderam seus entes ou a sociedade. Na reportagem, são mencionados crimes cometidos contra pessoas que não tinham qualquer passagem na polícia e que, segundo familiares, eram pessoas de bem.Vitor Gabriel

Um dos casos que mais chamaram a atenção e comoveram a população foi do menino Vitor Gabriel Araújo Cardoso, de 1 ano e 9 meses, ocorrido no dia 20 de junho de 2011, quando elementos desconhecidos atiraram no portão de uma casa e os tiros atingiram a criança que brincava no quintal. Familiares e populares fizeram protestos cobrando uma resposta, mas até agora, prestes a completar três anos do crime, a polícia ainda não deu uma resposta à família e à sociedade.Saulo (21)

Em julho de 2012, o jovem Saulo de Jesus Fagundes, 21 anos de idade, morador do bairro Caminho do Mar, foi assassinado com dois tiros, por volta das 2h, no bairro Nova América. Até hoje nãose sabe o motivo ou o autor do crime.Valdomiro da Cruz assassinado a facadas

No dia 3 de novembro do ano passado, Valdormiro Jesus da Cruz, de 37 anos, foi assassinado a facadas na rua Pau Sangue, no bairro Castelinho. Segundo informações de populares, Valdormiro não tinha envolvimento com nada ilícito, era evangélico e estava indo para o trabalho, na GF Florestal, onde trabalhava havia mais de dois anos, quando foi assassinado.Cristiano Mototaxi encontrado morto em cafezal no Colina Verde (9)

Em 29 de dezembro de 2012, o mototaxista Cristiano da Silva Leal desapareceu e foi encontrado no dia 31 do mesmo mês, nuca em um cafezal no bairro Colina Verde, morto com um tiro na nuca. A moto da vítima estava junto ao corpo. Familiares e amigos têm procurado constantemente a imprensa pedindo apoio para cobrar das autoridades uma resposta sobre esse homicídio, e até agora nenhuma resposta.

A reportagem do Liberdade News diz que familiares, amigos e a sociedade em geral esperam que o aparato do Estado se volte para a solução desses crimes, “pois a sensação de impunidade não pode ser maior que a sensação de justiça”.

Mortes de jornalistas

A morte do jornalista Gel Lopes aumenta a estatística mundial sobre crimes cometidos contra profissionais de imprensa. Atualmente, o Brasil ocupa a 7ª posição no ranking de assassinatos de jornalistas no mundo e lidera o ranking nas Américas. Segundo informações do Instituto Avante Brasil, em 2013, o país ficou pouco atrás de nações que enfrentam grandes instabilidades políticas e sociais, como a Síria, o Iraque e o Egito – respectivamente os três primeiros do ranking.Eliana Calmon no Metropole2

A ministra Eliana Calmon comentou sobre a tentativa de calar a imprensa através da eliminação de seus profissionais. “Estamos preocupados principalmente porque tivemos diversas tentativas de fazer com que a imprensa seja diminuída, que é um dos pontos mais sensíveis de qualquer regime que não quer a transparência. A imprensa na democracia é irmã siamesa da liberdade. No momento que querem calar a imprensa, que se voltam contra a imprensa, temos a maior das preocupações, porque, a partir daí, não teremos liberdade”, salientou.


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