Saúde

Governo anuncia produção nacional de medicamento para leucemia

23/06/2013 - 00h05

O medicamento utilizado no combate à principal leucemia da infância, a L-asparaginase, sob risco de desabastecimento no início de 2013, terá fabricação nacional até 2015.

A produção será feita pela Fiocruz em parceria com dois laboratórios internacionais, a NT Pharma, da China, e a United Biotec, dos Estados Unidos. Até lá, o medicamento será comprado desses mesmos fabricantes.

Em janeiro, reportagem publicada pela Folha mostrou que a produção da marca de L-asparaginase consumida no Brasil tinha sido descontinuada no exterior.

A empresa brasileira que comercializava o remédio, o laboratório Bagó, avisou os médicos do problema em dezembro do ano passado.

Como consequência, os estoques no país durariam apenas seis meses. As soluções possíveis eram a compra do medicamento de outro laboratório estrangeiro — sem registro na Anvisa– ou, então, que a produção passasse a ser nacional, já que não há mais patente para o produto.

Frente ao problema, o ministério realizou uma compra emergencial do produto, que destrói uma enzima essencial para a sobrevivência das células cancerosas.

A leucemia linfoide aguda afeta a medula óssea e os glóbulos brancos. No país, 3.000 pessoas se tratam dessa leucemia por ano. A doença na criança tem índices de cura que se aproximam de 90%.

PARCERIA

Os detalhes da produção da L-asparaginase foram anunciados ontem pelo ministro Alexandre Padilha (Saúde), no escopo de um pacote de 27 parcerias entre laboratórios públicos e privados para a produção nacional de 14 medicamentos.

Todos eles, voltados a doenças como câncer, artrite reumatoide e diabetes, serão produzidos no país até 2017.

Com isso, o número de produtos biológicos (fabricados a partir de material vivo) feitos no país sobe para 25.

“É algo muito importante para a segurança da oferta desses medicamentos. Poder ofertar esses medicamentos independentemente de qualquer decisão estratégica de alguma indústria nacional que tinha patente não é pouca coisa”, disse o ministro.

O ministério também anunciou a instalação de uma fábrica com nova tecnologia, no Ceará, para a produção de um medicamento contra a doença de Gaucher e a produção da vacina da febre amarela.

A doença de Gaucher é um problema genético raro, que consiste na deficiência de uma enzima responsável pela digestão das gorduras de células. O problema causa anemia, hematomas, aumento do fígado e do baço e perda precoce da massa óssea.

O anúncio foi feito logo antes da reunião entre governo e representantes da indústria. À imprensa, Padilha, que é cotado como possível candidato ao governo do Estado de São Paulo, anunciou as parcerias sob o slogan “melhorar sua vida, nosso compromisso”.

Segundo o ministério, as parcerias vão resultar em economia de R$ 225 milhões a cada ano. E sobe para 90 o número de acordos firmados entre laboratórios públicos e privados nos últimos meses na área da saúde, envolvendo 77 produtos.
Fonte: Folha de São Paulo


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