Destaque

Dom Antônio Elizeu Zuqueto e Dom Carlos Alberto são acusados de quererem tomar terra de um quilombola

26/02/2014 - 21h22
Dom Antônio Elizeu Zuqueto e Dom Carlos Alberto são acusados de quererem tomar terra de um quilombola

“Esta situação é grave e ainda dizem que a fazenda Instância Holandesa é para beneficiar os pobres, mas está alugada para plantador de melancia”, disseram familiares de “Tonhão”

Dom Antônio Elizeu Zuqueto e Dom Carlos Alberto são acusados de quererem tomar terra de um quilombola do Extremo-Sul da Bahia

Teixeira de Freitas – Segundo o Movimento Quilombola do Extremo-Sul da Bahia, que está à frente em defesa da posse da propriedade dos herdeiros de Alcebíades Levino, “A igreja constituía uma organização que se estendeu por todo o mundo cristão, mais poderosa, maior, mais antiga e duradoura que qualquer coroa. Tratava-se de uma era religiosa, e a igreja, sem dúvida, tinha um poder e prestígio espiritual tremendo. Mas, além disso, tinha riqueza, no único sentido que prevalecia na época – em terras. A igreja foi a maior proprietária de terras no período feudal. Homens preocupados com a espécie de vida que tinham levado, e desejosos de passar ao lado direito de Deus antes de morrer, doavam terras à igreja; outras pessoas, pensando que a igreja realizava uma grande obra de assistência aos pobres e doentes, desejando ajudá-las nessa tarefa, davam-lhe terras; alguns nobres e reis criaram o hábito de, sempre que venciam uma guerra e se apoderavam das terras do inimigo, doar parte delas à igreja, que, assim, se tornou proprietária de um terço e metade de todas as terras da Europa Ocidental; bispos e abades se situaram na estrutura feudal da mesma forma que condes e duques. Isso, a nosso ver, até os dias atuais ainda perdura em nossa sociedade. Onde está a DEMOCRACIA, O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA E O DIREITO DE PROPRIEDADE?

É o caso da situação do senhor Antônio Levino, o popular “Tonhão”, que mora em sua pequena propriedade há mais de 60 anos, ou seja, desde que nasceu. “Tonhão” disse que “Dom Antônio Elizeu Zuquetto e Dom Carlos Alberto quer tomar a terra minha, é daqui que sempre tirei meu sustento e da minha família. Uma vez precisei ligar luz e peguei com ele uma quantia de aproximadamente R$ 2.500,00, mas como meus filhos foram trabalhar em Portugal, me mandaram o valor e paguei-o. Passado algum tempo depois, este indivíduo quer tomar minha terra. Será, meu Deus, que vou perder meu único bem que tenho para viver meu resto de vida pra esses sem coração. Já não bastasse a água e todo restante de terra que era de minha família e eles conseguiram enganar meus pais na época, com a chamada devoção católica e acabaram tomando em forma de troca. Com pão velho e carne de jabá estragada…” FALOU “TONHÃO” CHORANDO… Salienta “Tonhão” que tudo isso foi tramado pelo antigo Bispo diocesano Dom Antônio Elizeu Zuquetto e que atualmente tem aval do atual bispo Dom Carlos Alberto.

Movimento Quilombola Extremo Sul da Bahia

No Movimento Quilombola Extremo-Sul da Bahia mais uma vez o negro é vítima dos chamados representantes de Deus!!! Nesse habitat terrestre e desigual. Será que o criador (OLORUM) está feliz com tal situação? Desde a antiguidade, a Igreja Católica tem essas práticas de querer tomar e ter posse de terras alheias, principalmente dos menos favorecidos. Em breve, teremos novas informações dessa situação, a qual estamos vivenciando.

Deste modo, em pleno século XXI ainda presenciamos a prática da usura e o que os dois bispos estão fazendo com este quilombola.

O que a Bíblia fala sobre a usura?

Regra geral, a Bíblia condena a usura. Vejamos algumas passagens bíblicas:

Êxodo 22:25 – “se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre que está contigo, não agirá com ele como credor que impõe juros.”

Levítico 25: 35, 36, 37 – “se teu irmão empobrecer e as suas forças decaírem, então, sustentá-lo-ás. Como estrangeiro e peregrino ele viverá contigo. Não receberás dele juros nem usuras; teme, porém, ao teu Deus, para que teu irmão viva contigo. Não lhe darás teu dinheiro com juros, nem lhe darás alimento para receber usura”.

Portanto, a Carta Constitucional de 1988 determina que as taxas de juros reais não podem ser superiores a 12% ao ano, a cobrança acima deste limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas as suas modalidades. A despeito de ser reconhecida a prática da usura como proibida no País e de ser lei complementar, a prática usurária continuou e o teto jamais foi reconhecido pela Corte Constitucional. Com isso, pode-se perceber que os bispos citados acima querem cobrar juros de 1.000% a um homem do campo, sem contar que ainda não houve nenhum ato jurídico entre as partes. Segundo “Tonhão”: “eles querem é me lesar”.

“Tonhão” acabou passando mal

A carta acima chegou até a redação do Jornal Alerta, e ouvida a parte da família de “Tonhão”, esta disse que tal ato levou o patriarca a passar mal e ter que ir para Vitória em busca de socorro médico. Segundo o filho, seu pai não vendeu os 2,5 hectares de terra que a Diocese de Teixeira de Freitas/representada pelos bispos Dom Antônio e o seu representante querem tomar, mas que, há cerca de 12 anos, vivia no escuro e em parceria com o vizinho colocou energia na terra, tendo na época custado R$ 5 mil reais, divididos para os dois; como não tinha o dinheiro para pagar o vizinho que havia arcado com os custos e a aproximação religiosa, através dos festejos de São Sebastião que eram comemorados em sua comunidade, o bispo Dom Antônio emprestou-lhe R$ 2.500, no qual ele lhe pagou em duas parcelas com o trabalho do filho que estava em Portugal, a primeira foi de R$ 1.500,00 e a segunda de R$ 1.000,00, parcela essa que fora depositada na conta do sobrinho de Dom Antônio, fato inclusive que motivou o bispo que havia ficado com a escritura da terra como garantia a lhe devolver o documento.

Abertura da cerca para o gado beber água

O bispo lhe pediu que abrisse uma cerca da área de 2,5 hectares (área que na ocasião nada plantava, pois ele trabalhava de diarista para terceiros) para o pastoreio do seu gado, pois facilitaria a chegada até a aguada que existe no fundo da propriedade e mesmo “Tonhão” dizendo que não havia tomado dinheiro de agiota para pagar juros o tempo foi passando, o que agora terminou na ação de Reintegração de Posse, impetrada pela Diocese e que a Justiça de Caravelas acatou liminarmente.

O advogado de Dom Antônio que representa a Diocese, Marcos Mendonça, em entrevista disse que, pelo contrário, seu cliente não emprestou dinheiro a “Tonho”, mas que comprou os 2,5 hectares e que na confiança não passou o documento.

A terra é da diocese ou do bispo?

Vale ressaltar que Dom Antônio Elizeu Zuquetto tem aos arredores da propriedade de “Tonhão” 89ha33 a07ca, ou seja, 90% da área que pertencia ao meu avô, Alcebíades Levino, mas diz ser área da igreja católica e agora ainda quer tirar mais 2,5 hectares de uma área de quatro que pertence a meu pai, disse o filho “Carlinhos”.

Nota: A distância desta terra é de apenas cerca de 12 quilômetros do centro de Teixeira de Freitas, localizada na antiga estrada de Juerana e, embora digam que pertence a Teixeira, o advogado Marcos Mendonça fez o georreferenciamento da área e mostra que ela está dentro do município de Caravelas.

Quanto aos nomes dos bispos da Diocese citados na matéria, consegui falar com Dom Carlos que disse apenas que estava representando a Diocese e o seu colega Dom Antônio e que o caso estava sob a responsabilidade do advogado Marcos Mendonça, citado acima, do qual passou o número do telefone celular do bispo emérito Dom Carlos, mas ao ligar deu na caixa postal.

Galeria de fotos

ver todas (15)

Por Antônio Carlos Santos Nunes/Jornal Alerta


Deixe seu comentário