Impasse

Corcovado diz que não vai pagar danos provocados pelo acidente com carreta de granito

10/08/2019 - 17h39Por: Edvaldo Alves/Liberdade News

Revoltados, moradores de Medeiros Neto procuraram nossa equipe de reportagem para denunciar o descaso da empresa Corcovado Granitos, do município, que atua no ramo de mineração de pedras ornamentais (granito). Segundo os denunciantes, após o acidente ocorrido na noite da última quinta-feira, 8 de agosto, a empresa nega ter responsabilidade sobre o acidente, que deixou 4 pessoas feridas e desabrigadas, após uma carreta carregada de granito, descer desgovernada na avenida Deoclécio Pereira Sobrinho, no bairro São Jorge.

O veículo colidiu em uma residência, onde estavam 4 moradores, entre esses, uma idosa de 76 anos. Além da residência, um ponto comercial anexo, e que também pertence às vítimas, ficou completamente destruído. Mesmo com a gravidade do acidente, todos foram resgatados com vida, e apenas uma vítima se encontra internada. Passado o susto, os moradores receberam a notícia de que a empresa alega não ter responsabilidade sobre os danos materiais, pois, apenas comercializou a pedra e que não era responsável pelo transporte do material.

Segundo informações levantadas, quem dirigia carreta era um motorista contratado pelo proprietário do veículo. O proprietário carreta alega não ter condições de arcar com as despesas das vítimas, pois, o veículo é financiado e ficou destruído.

Os moradores de Medeiros Neto, procuraram nossa equipe denunciando a omissão da empresa, que está tirando o corpo fora e não quer ajudar.

Essa empresa vem há anos explorando o minério em nossa cidade e sabe dos riscos de transportar essas pedras enormes nessas ladeiras, mas, não se importa com nada, e agora, não quer assumir a responsabilidade desta tragédia anunciada”, disse uma moradora.

Moradores alegam que já houve outros acidentes, nada grave como esse, mas, que todos sempre comentavam os riscos deste tipo de transporte, pois os caminhões carregados com granitos acima de 50 toneladas, obrigatoriamente têm que passar por dentro da cidade, em vias de ladeiras íngremes.

É um milagre este acidente não ter tido proporções trágicas, pois poderia ter vitimado diversas pessoas, inclusive com mortes. Será que agora a empresa, o governo do Estado, a Prefeitura de Medeiros Neto, vão realmente tirar do papel a proposta de um caminho alternativo?”, questionou outro morador.

A empresa teria procurado resolver o problema do transporte de pedras no perímetro urbano, utilizando um meio alternativo, inclusive, passando por aquela famosa ponte, que “Liga o Nada a Lugar Nenhum”. Segundo informações, o governo do Estado da Bahia lançou no Diário Oficial uma proposta de funcionalidade para esta ponte, e a Corcovado Granitos, se ofereceu para ajudar a resolver o problema, inclusive contratou uma empresa de engenharia, montou um projeto por conta própria e fez um traçado que seria o caminho ideal para dar utilidade à ponte e atender as necessidades do escoamento de produtos das empresas locais.

O Estado já está executando o início da obra, licitado em quase 1 milhão e meio de reais, e, posteriormente, estará fazendo aditivos para completar o traçado, que vai passar por via rural, iniciando na BA 994 (estrada para Vereda), passando pela ponte, seguindo em paralelo à rua Sete de Setembro, totalmente por fora da cidade, até chegar na BA 290, saída para Itanhém, sem a necessidade de desapropriar casas ou terrenos. Ainda segundo informações, esta obra começou em março e estaria pronta em 60 dias. Já estamos no mês de agosto, e um morador disse que há homens trabalhando neste projeto, mas, que não sabe a previsão para o término.

Abimael Souza, representante da empresa, disse que um cliente comprou a pedra, e que o transporte ficou por conta do mesmo. Segundo ele a Corcovado Granitos cedeu seus homens e equipamentos para a remoção dos escombros e da carreta, de forma solidária, para ajudar a resolver o problema, mas, que nem isso seria de responsabilidade da mesma, que não tem nenhum vínculo, nem recebeu nenhum centavo da transportadora. O representante afirmou que não há irregularidade nos serviços prestados pela Corcovado, que o peso da pedra está de acordo com a legislação vigente no país e que não é responsável pelo que acontece após a pedra sair da empresa.

A denúncia está focada justamente neste ponto, pois um está jogando a responsabilidade para outro. A grande preocupação está nos custos para construção da casa e do ponto comercial que foram destruídos. São pessoas humildes, que quase morreram. Foi um susto enorme e uma vítima ainda está mal no hospital. Agora uma empresa milionária, que explora nossa cidade há anos, vem dizer que não vai arcar com nada. É um absurdo”, disse outra moradora que não quis se identificar.

Edição: Bell Kojima


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